Alexandre Pato no CT
A conversa de Muricy Ramalho com o time do São Paulo no intervalo da partida de quarta-feira, contra o CSA, assustou Alexandre Pato. Mas, ao ver as palavras duras surtirem efeito na segunda etapa, o atacante entendeu o modo de trabalhar do treinador, tricampeão brasileiro de forma consecutiva (2006, 2007 e 2008) pelo clube.
Imagem: São Paulo.netClique para ampliarAlexandre Pato no CT"Quando a gente fez o gol, começamos a dar uma descuidada na marcação. Mas voltamos para o segundo tempo mais determinados, porque escutamos algumas coisas do Muricy. Aí, acabou 3 a 0 para nós", contou o jogador que abriu o caminho da vitória sobre o time alagoano, no Morumbi, a qual garantiu classificação para a segunda fase da Copa do Brasil.
"Ele é muito bravo, mas um bravo que te cobra. Ele tem um jeito de cobrar que te ajuda. Escutamos bastante dentro do vestiário, mas tudo mudou depois, conseguimos chegar mais na frente, conseguimos fazer mais (dois) gols", minimizou, em seguida, ao ser questionado sobre o conhecido jeito bronco do chefe. saiba mais Alexandre Pato agradece torcida italiana em despedida no Milan Empolgação de Pato anima Timão, que consulta a CBF sobre lesões Corinthians oferece R$ 42 milhões ao Milan por Alexandre Pato, afirma TV Alexandre Pato termina namoro com filha de Silvio Berlusconi Timão espera fim do Italiano para tentar seduzir Alexandre Pato Leia mais sobre Alexandre Pato
Muricy não esconde de ninguém que é, muitas vezes, grosseiro no trato com os atletas. "É assim mesmo. Isso aqui não é jogo de menina, é jogo duro. Não tem que falar "por favor, como você está?". Tem hora em que tem que falar duro, senão depois você perde e fica chorando. Em grandes empresas, não se diz "por favor", tem que pedir duro", falou, há pouco mais de um mês, quando bateu boca com o lateral direito Douglas diante das câmeras, ao descer para o vestiário.
Ao menos publicamente, o relacionamento direto entre Muricy e Pato é tranquilo. O treinador diz com frequência que o jogador tem educação diferenciada e se adaptou muito rapidamente ao ambiente do CT da Barra Funda. Dentro do vestiário, no entanto, a estrela de 15 milhões de euros (valor que o Corinthians pagou para tirar o atacante do Milan, no começo do ano passado) é apenas mais um atleta qualquer. E, como tal, é obrigado a ouvir as mesmas broncas.
Passada a surpresa inicial, o ex-corintiano entende que o modo de ser do novo comandante será benéfico para o crescimento (ou recuperação) de seu futebol. "Temos um supercampeão no comando, todos sabem como ele é. Tenho muito a aprender ainda. O professor cobra muito, exige muito, mas está me fazendo muito bem. Aceito as críticas não só dele, mas de todos, que ainda tenho que aprender a marcar, a cabecear melhor, a não errar passe. Críticas ajudam. Depois que encontrei ele, tenho certeza de que as coisas vão melhorar bastante para mim", aprovou.
Treinos puxados e banho de gelo
Além de se acostumar com o jeito de Muricy Ramalho, Pato ainda estranha os treinos puxados do futebol brasileiro, depois de anos na Europa, onde os trabalhos são mais tranquilos. Quase sempre, segundo ele, é preciso um banho de gelo depois de sair exausto de campo.
"Os trabalhos são contínuos, exigem bastante da parte física, coisas que eu não vinha encontrando (em outros clubes). Aqui, quando acaba o treino, eu estou muito cansado. Fico no gelo por meia hora. Isso tem me ajudado para que eu me sinta menos cansado para ajudar os companheiros na hora da marcação também", diz o jogador.
"Tenho que melhorar muito ainda a parte da marcação", reconhece. "Na Europa, eu tinha que marcar também, mas de um modo diferente. Aqui, tem que acompanhar o volante ou o lateral até o final. Mas o Muricy (Ramalho, treinador) tem me ajudado bastante. Estou muito feliz de ter um treinador que me ajuda bastante nos treinamentos. Vou fazer aquilo que ele pedir".
A crioterapia é uma técnica em que se aplicam baixas temperaturas para diminuir o calibre dos vasos sanguíneos e produzir efeito anti-inflamatório no corpo. No caso de Pato, especificamente, mais do que tratar ou prevenir lesões, a imersão no gelo serve como relaxamento muscular. Em dois meses de clube (completados na sexta-feira), ele disputou apenas duas partidas e teve poucas folgas. Nos dias restantes, foi submetido principalmente a treinos físicos até mais puxados do que aqueles impostas ao restante do elenco.
Pato acabou jogando pouco porque não podia mais atuar no Campeonato Paulista depois de transferência para o São Paulo. Agora, com o time na Copa do Brasil e às vésperas do Brasileirão, ele vai entrar mais em campo. Após a estreia no Morumbi e o primeiro gol pelo clube, na quarta-feira, Pato fará seu terceiro compromisso no dia 20, quando o São Paulo recebe o Botafogo, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, competição que Muricy conhece melhor do que ninguém. "Tenho certeza de que iremos muito bem", prevê o camisa 11, apostando suas fichas na experiência do chefe supercampeão.
"Todos temos obrigação de atacar e marcar, porque ninguém quer tomar gol. Os atacantes têm que ajudar o meio, como os volantes têm que ajudar os zagueiros. Todo o mundo em conjunto. Tenho certeza de que nosso grupo está encontrando isso. Temos que melhorar muito ainda, mas, nesta sequência, nosso grupo vai estar muito mais qualificado na marcação", refletiu, friamente.