A forte desaceleração da economia brasileira nos últimos meses preocupa o governo Dilma Rousseff, mas a avaliação é que, no curto prazo, não há "milagre" a ser feito para reativar o ritmo do país neste ano eleitoral.
Segundo assessores, não adianta remar contra a maré e inventar pacotes para estimular a economia porque o empresariado e os consumidores não estão dispostos a investir nem gastar mais até que fique definido quem será o próximo presidente. saiba mais FMI já cortou à metade previsão de crescimento do PIB brasileiro em 2014 Economia brasileira cresce 0,2% no 1º trimestre de 2012, diz IBGE Leia mais sobre PIB brasileiro
O discurso interno no Planalto é que, depois das eleições, o país voltará à normalidade aos poucos porque não haveria "motivos concretos" para o pessimismo atual quanto ao futuro econômico.
O país passa, segundo o governo, por um momento de "expectativas negativas", que abalaram a confiança de empresários e consumidores. Isso não significa, porém, que o ano está "perdido".
O governo continua apostando que o crescimento da economia não será tão ruim quanto as previsões do mercado, que já apontam para uma expansão do PIB abaixo de 1%, ante 2,5% em 2013.
A equipe econômica, reservadamente, avalia que a economia tem condições de crescer ao menos 1,5%. Esta previsão, porém, não é consenso dentro da própria equipe.
Depois dos últimos dados ruins da economia, inclusive na geração de empregos, setores do governo já começam a trabalhar com a hipótese de o PIB ficar na casa de 1%.
Apesar da expectativa negativa quanto ao curto prazo, um assessor diz que isso não significa que o governo jogou a toalha e está parado esperando a eleição passar.
Ele diz, por exemplo, que o governo já está obtendo vitórias no combate à inflação, com os índices mensais recuando, apesar de a inflação acumulada em 12 meses ainda estar muito elevada –6,52% em julho, acima do teto da meta oficial (6,5%).
A ordem, afirma, é seguir vigilante na política anti-inflacionária. Pior do que o baixo crescimento seria um repique na inflação nos próximos meses, o que traria mais desgastes para a presidente na campanha eleitoral, já que o tema está sendo explorado pelos adversários na eleição.
O governo sabe que os próximos dados sobre o crescimento da economia podem ser mais negativos. O PIB do segundo trimestre, que sai em agosto, pode ter encolhido.
Em junho e julho a indústria deve registrar queda mais forte ainda, já que a Copa, apesar de ter sido um sucesso como evento, diminuiu o ritmo do setor. Além disso, consumidores frearam os gastos no período do torneio.
Por outro lado, esse desaquecimento terá um efeito mais forte sobre a inflação, que deve seguir recuando nos próximos meses.
A expectativa da equipe presidencial é que terceiro trimestre continue fraco e que uma recuperação só aconteça no último trimestre do ano, quando o cenário eleitoral já estará definido.