O Ministério da Saúde, informou na manhã desta terça-feira (19) que 157 municípios brasileiros estão em situação de risco de sofrer uma epidemia de dengue neste verão, enquanto outros 525 se encontram em situação de alerta. Os dados são do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (Liraa), que mediu o índice de infestação pelo mosquito em 1.300 cidades.
As cidades em situação de risco ou alerta representam 52% das que participaram do levantamento. A região Nordeste é a que concentra a maior parte dos municípios em situação de risco.
Segundo Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em Saúde do ministério, foram encontradas larvas do mosquito em duas a cada 100 casas pesquisadas para o levantamento. A maioria eram depósitos em domicílios: água parada em pratos de plantas, caixas de água abertas, por exemplo.
Entre as capitais que correm mais riscos, segundo a pesquisa, estão Rio Branco, Porto Velho, Cuiabá, Boa Vista e Palmas. Já em situação de alerta estão Boa Vista, Palmas, Salvador, Fortaleza, São Luiz, Aracaju, Rio de Janeiro, Vitória, Goiânia, Campo Grande. Na Região Sul, duas cidades do Paraná - Alvorada do Sul e Guaíra - estão em situação de risco.
Casos triplicam
Em 2013, foram notificados 1.476.917 casos suspeitos de dengue. O número é quase três vezes maior que o do mesmo período do ano passado, quando foram registrados 537 mil casos. A Região Sudeste teve o maior número de casos de dengue, sendo responsável por 63,4% deles. Em seguida aparece o Centro-Oeste, com 18,4%.
Apesar do aumento, o governo reforçou o fato de que houve redução de mortalidade pela doença. "O número de internações teve redução de 30% em relação a 2010", afirmou Barbosa. "Com melhoria de assistência, país conseguiu evitar 394 mortes por dengue este ano", informou.
Segundo o ministério, o Brasil tem um dos menores índices de mortalidade por dengue nas Américas: 0,03 mortes para cada 100 notificações, metade da taxa registrada na Colômbia, por exemplo.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, diz que o aumento do número de casos se deve a dois fatores: as transições nos governos municipais e a proliferação do vírus tipo 4 da dengue, que aumenta a quantidade de indivíduos suscetíveis. Esse tipo afetou bastante a Região Sudeste - em especial Minas Gerais e Rio de Janeiro - além de Goiás, segundo o ministro.
Mais Médicos
Padilha afirmou que está confiante no papel que os profissionais inscritos no Mais Médicos devem exercer para identificação precoce da doença e redução de casos graves e mortes. "Mais de 80% dos médicos que vieram de fora têm vasta experiência no combate à dengue", disse, citando o exemplo de Cuba, que teria apresentado um dos menores índices de letalidade ao enfrentar epidemia.
Na próxima quinta-feira (21), equipes do Ministério da Saúde farão uma videoconferência para os médicos do programa focada na identificação e tratamento da dengue.
Campanha
Além de divulgar os resultados do Liraa, o Ministério da Saúde lançou a campanha de mobilização nacional contra a doença, que conta com o jogador Cafu como garoto-propaganda. O mote é "Não dê tempo para a dengue".
"Como a campanha mesmo diz, bastam 15 minutunhos, um intervalo de jogo, para fazer nossa parte e combater a dengue", declarou Cafu na coletiva de imprensa.
A ideia é aproveitar o envolvimento do brasileiro com o futebol e a Copa do Mundo e usar esse espírito para conscientizar a população sobre a prevenção do Aedes aegypti. Padilha elogiou a atuação de capitão de Cafu e fez uma analogia ao combate ao mosquito da dengue: "São lideranças que precisamos em cada municípios, em cada bairro".
O governo destinará mais de R$ 363 milhões aos municípios para ações de vigilância, prevenção e controle da doença.