O pai de Francisco das Chagas de Araújo Júnior, 32 anos, vítima de um crime de trânsito em Teresina, optou por fazer a doação de órgãos do filho. A autorização foi assinada nesta quinta-feira (30). Francisco Júnior teve morte encefálica decretada na quarta-feira (29) pela equipe médica do Hospital de Urgência de Teresina. O jovem foi o idealizador do coletivo Salve Rainha, que reunia em espaços públicos diversas manifestações artísticas.
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"Estamos dando vida a outras pessoas que estão na fila de espera por transplantes. Soube através de uma sobrinha de que esse era seu desejo. Eu também vi o lado de dar vida a outras pessoas que estão por aí sofrendo e até sem esperança", comentou o pai.
Com o documento em mãos, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HUT acionou a Organização da Procura de Órgãos (OPO) que fez a coleta de material para a realização de exames.
A partir do resultado é que se saberá se o paciente possui as condições clínicas de ser um potencial doador e quais os órgãos permanecem preservados e aptos à doação. Somente após esse processo, que pode durar até seis horas, a Central de Transplante poderá iniciar o processo de captação dos órgãos e tecidos para os receptores.
“O Piauí não faz captura de coração, mas nós fazemos de fígado, rins, córneas e eles podem servir. A equipe da oftalmologia vai fazer avaliação e verificar quais são as possibilidades da doação de córneas”, explicou Gilberto Albuquerque, diretor do HUT.
Júnior estava no carro com o seu irmão Bruno Queiroz, 30 anos, e o amigo e jornalista Jader Damasceno, 25 anos, quando um veículo colidiu contra eles no cruzamento da Avenida Miguel Rosa e Rua Jacob de Almendra, Centro de Teresina, por volta das 23h30 do domingo (26). Bruno morreu na hora e os outros dois jovens foram socorridos em estado grave e levados ao hospital.
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Pai autoriza doação de órgãos do filho
(Foto: Beto Marques/G1)
Francisco Júnior deu entrada no HUT no início da madrugada da segunda-feira (27) com quadro de fratura de fêmur e da tíbia direita, além de traumatismo craniano com hemorragia cerebral, lesão axonal difusa e fraturas múltiplas de face. Ele também apresentava midríase fixa bilateral, quando a pupila não reage mais a estímulos.
O quadro de saúde de Jader Damasceno permance em evolução. Ele passou por endoscopia nesta quinta-feira (30) e devera passar por exames no tórax e na cabeça. A cirurgia ortopédica na perna está prevista para esta tarde.
Salve Rainha
Os jovens integram o coletivo Salve Rainha, uma tecnologia social de valorização do patrimônio cultural de Teresina. O grupo realiza intervenções artísticas-culturais, geralmente aos domingos, em diversos espaços da capital e que marca a cena cultural teresinense.
O coletivo havia iniciado na sexta-feira (24) uma nova ocupação: desta vez no Parque da Cidadania, recém-inaugurado, onde o Salve Rainha está com um café. O acidente aconteceu no domingo, quando os três jovens haviam saído do local, após encerrar o expediente.
Testemunha ocular
Uma pessoa que testemunhou a colisão revelou ao G1 que o motorista que o motorista que colidiu contra o veículo que levava os jovens estava em alta velocidade e invadiu o sinal vermelho.
O homem de 28 anos, que preferiu não ser identificado, afirmou que estava em um carro no mesmo cruzamento onde ocorreu a colisão e presenciou o ocorrido. Ao ser interrogado sobre o que teria acontecido, a testemunha afirmou que o motorista do Corolla passou em alta velocidade e com o sinal vermelho. Além disso, percebeu ainda que ele apresentava sinais de embriaguez.
A delegada Cassandra Moraes Souza informou que, até o momento, o suspeito de ter provocado a colisão deve ser indiciado por homicídio culposo (quando não se tem intenção de matar), lesão corporal grave, embriagues ao volante e omissão de socorro.
"Para finalizar o inquérito faltam apenas esclarecer alguns pontos como qual dos veículos invadiu o sinal vermelho e qual a velocidade que o veículo Corola estava. Como isso, o indiciamento pode até mudar de homicídio culposo para doloso (quando se tem intenção de matar)”, disse Cassandra.
A titular do inquérito disse que está em posse de três vídeos que mostram o momento da colisão. Todos foram encaminhados para o Instituto de Criminalística, que tem entre 10 e 30 dias para entregar os laudos.
Vídeo mostra colisão
O G1 teve acesso a um dos vídeos. As imagens de monitoramento do sistema de segurança foram cedidas à polícia por um estabelecimento comercial. Uma simulação do que ocorreu na noite do domingo deverá ser realizada (Veja acima).
A gravação com mais de uma hora de duração está sob análise do Laboratório de Perícias em Materiais Audiovisuais, do Instituto de Criminalística.
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