A estiagem dos últimos anos tem afetado os modelos de produção no semiárido piauiense. Na cidade de São Francisco de Assis do Piauí, localizada a 317 Km de Teresina, projetos estão sendo desenvolvidos para ensinar o sertanejo a conviver com o longo período de seca.
Para o padre Geraldo Gedeon, coordenador dos projetos, as ações têm ajudado muitas famílias a lhe dá com a seca dos últimos anos, que se repetiu por quatro vezes. "A primeira vez foi uma meia estiagem que afetou bastante a safra. A segunda e terceira foram secas completas e esta quarta nós achavamos que tivesse encerrado, mas não passou. É o que se chama de uma seca verde, pois houve algumas chuvas, mas o principal problema são os grandes intervalos entre uma e outra", explicou.
Segundo o pároco, a penúltima chuva veio em novembro e após dois meses sem chover, quando caiu água novamente em fevereiro, a plantação já havia sido perdida. "Isso aconteceu tanto pela falta de chuva, quanto pela larganta que nesse período aparece em maior quantidade assustadora", lamentou.
O projeto de Produção Orgânica também foi afetado. O padre destacou que a plantação de gergelim rendia apenas sete toneladas e ao longo do tempo passou para 80 toneladas, mas este ano voltou para zero.
Ele diz acreditar que a seca no Nordeste tem dois aspectos: aquele da seca eterna que vem de séculos atrás, próprio da região e não deve mudar por causa da localização geográfica, e a outra parte correspondente ao desequilíbrio provocado pelo homem. "O povo convive com a seca de uma maneira que sofre calado, revoltado, mas na hora da primeira chuva todo mundo esquece tudo e corre para roça. Isso mostra o otimismo do homem do campo e a sua fé", declarou.