Em Interlagos, Vettel festeja a conquista de seu terceiro título mundial de Fórmula 1
Sebastian Vettel queria a normalidade. Fernando Alonso, a chuva, o caos. No GP do Brasil deste domingo, o pedido atendido foi o do espanhol. Ele sabia que, com uma Ferrari inferior à RBR, só o acaso o faria alcançar o sonhado tricampeonato. A chuva veio. O caos também. Na primeira volta, o pedido de Alonso parecia ter saído melhor do que a encomenda. Vettel trombou com Bruno Senna e rodou. Por pouco não deixou a prova. Começava a odisseia. Voltou em último. Com o carro danificado. Precisou escalar o pelotão. E quando alcançou o sétimo lugar que lhe garantia o título, a RBR se confundiu com o "chove e não molha". O alemão parou duas vezes nos boxes em três voltas e caiu para 11º a 17 voltas do fim. Nesse meio tempo, ainda ficou sem o rádio comunicador da equipe. Tudo conspirava contra.
A reza de Alonso era forte. Mas não foi suficiente. Não havia caos possível para conter o talento do maior garoto prodígio que a Fórmula 1 já viu. Vettel ainda cruzou em sexto, quatro posições atrás do espanhol. Bastava. Interlagos, casa de Ayrton Senna, viu um alemãozinho de apenas 25 anos ser coroado o tricampeão mais jovem da história da categoria, superando o recorde do ídolo brasileiro, obtido em 1991, aos 31 anos. saiba mais Vettel vence na Índia, mas Alonso fica em 2º e minimiza prejuízo; Massa é 6º Leia mais sobre Fórmula 1- Vettel
Imagem: Getty ImagesEm Interlagos, Vettel festeja a conquista de seu terceiro título mundial de Fórmula 1
Além de bater a marca de Ayrton, Vettel também ofuscou outra lenda. Na despedida de Michael Schumacher, maior campeão da F-1, quem brilhou foi o alemão mais jovem. Figuras de peso, desbancadas por um piloto com cara de moleque, que precocemente já escreveu seu nome na história da categoria máxima do esporte a motor.
Não foi só Schumi que disse tchau. Lewis Hamilton fazia sua última corrida pela McLaren, antes de ir para a Mercedes. Poderia ser um adeus em grande estilo, no alto do pódio, caso o britânico não fosse tirado da prova quando liderava, por Nico Hulkenberg.
Emoção também não faltou para Felipe Massa. O brasileiro coroou a reação de 2012 com um terceiro lugar diante da sua torcida. No pódio, não conteve as lágrimas. Era a certeza de que está de volta aos bons tempos. Quem ganhou a prova? Foi Jenson Button. Discreto e elegante, o britânico da McLaren quase passou despercebido. Ele sabia que o grande vencedor do dia era mesmo Sebastian Vettel.
Estrelas nas pistas e também no paddock. Grandes astros do esporte prestigiaram a inesquecível corrida. Foram os casos dos campeões mundiais Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet, dos jogadores de futebol, Ronaldo, Lucas (do São Paulo) e Raí, do ídolo das quadras de tênis, Gustavo Kuerten, entre outros.
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Massa travava um duelo particular em Interlagos. Queria provar para si e para a torcida brasileira que pode, sim, continuar a almejar um horizonte de glórias na F-1. Após a falta de sorte na escolha de pneus, ele se recuperou na corrida com diversas ultrapassagens. Ainda ajudou o companheiro Alonso, que brigava pelo título, mostrando mais uma vez que pode andar igual ou mais rápido que um piloto que é considerado um dos melhores da geração. No pódio, desabou em lágrimas. Era a superação definitiva da má fase, uma resposta à enxurrada de críticas e a certeza de que um 2013 melhor o espera.
De malas prontas para defender a Mercedes em 2013, Hamilton estava obcecado a finalizar, com uma vitória, sua passagem pela McLaren. O campeão mundial de 2008 fez de tudo, mas o adeus não foi como queria. A 17 voltas do fim, Nico Hulkenberg tentou ultrapassá-lo na curva 1, mas perdeu o controle da Force India e atingiu a última McLaren guiada pelo britânico. Fim de prova. A saída da prova abriu caminho para Button seguir para a vitória.
Kimi Raikkonen protagonizou um dos momentos mais impagáveis da temporada 2012 da F-1. Se em Abu Dhabi o finlandês mandou o engenheiro deixá-lo em paz, pois “sabia o que estava fazendo”, em Interlagos, bem que precisava de uma ajudinha pelo rádio, ou quem sabe de um GPS. Após perder o ponto da freada na Curva da Junção, na 52ª volta, tentou retornar por um prolongamento da pista, em um trecho antigo do traçado. No entanto, ele se deparou com um portão fechado e precisou dar meia-volta e retornar à pista pela grama. Depois da prova, o “Iceman” garantiu: “Sabia aonde estava indo”.
O desafiador traçado de Interlagos se torna ainda mais traiçoeiro com chuva, como a que desabou sobre a pista neste domingo. Cenário ideal para os “Nakajimas” entrarem em ação. Não faltaram candidatos. Teve Hulkenberg, que jogou a bela exibição no lixo ao acertar o líder Hamilton. E teve Romain Grosjean, Pastor Maldonado e Sergio Pérez, deixando a prova preococemente e mostrando as razões de serem os pilotos que mais se envolveram em incidentes na temporada. Mas o prêmio vai para Paul di Resta. Por um simples motivo. Bateu na penúltima volta, provocou a entrada do safety car e fez a prova terminar sob bandeira amarela. Um anticlímax que a antológica prova deste domingo não merecia.