Dois servidores públicos foram presos na manhã desta terça-feira (22) pela Polícia Civil, por meio da Divisão de Crimes de Corrupção, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), na segunda fase da Operação Vigiles, que apura fraudes no concurso público do Corpo de Bombeiros. Um dos presos é agente da Strans e o outro é funcionário do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI).
“Os dois trabalham na organização principal da quadrilha na realização das fraudes e eles já foram presos na operação Veritas, que investigou fraude no concurso do Tribunal de Justiça. Ainda têm algumas pessoas para as quais foram decretadas as prisões ontem, mas que ainda não foram encontradas e estamos mantendo em sigilo, pois as equipes ainda estão em campo. Dentre essas pessoas tem servidores públicos”, explicou o delegado Carlos César Camelo.
No total, 28 pessoas estão presas, sendo 26 prisões temporária e duas preventivas. “As prisões temporárias foram prorrogadas por mais cinco dias e o delegado Kleidson Ferreira vai trabalhar por mais esse restante de prazo para instruir o inquérito e ao final fazer juízo de valor sobre a necessidade de uma possível conversão em prisão preventiva, mas muitas pessoas provavelmente serão liberadas”, finalizou o delegado.
Mãe e filha presas
Mãe e filha, fiscais do concurso, foram presas na Operação Vigiles na quinta-feira (17) acusadas de fraudar o concurso do Corpo de Bombeiros realizado em 2014.
Segundo informou o secretário de estado de segurança pública do Piauí, Fábio Abreu, as duas integravam a quadrilha e tiveram acesso às provas momentos antes de serem aplicadas. Elas eram responsáveis por fotografar a prova, enviar a um piloto pré-determinado que respondia às questões e repassava o gabarito aos demais membros da quadrilha.
Advogado se envolve em terceira fraude
Um dos presos na operação foi um advogado. De acordo com a polícia, ele pode ser um dos responsáveis por coordenar os trabalhos da quadrilha. Ele também é suspeito de atuar em fraudes de outros dois concursos: o do Tribunal de Justiça do Piauí, em 2015; e de agentes penitenciários, realizado em setembro deste ano.
"Ele é um dos principais coordenadores do grupo. Ele já fraudou outros concursos como o Tribunal de Justiça e de agentes penitenciários. Identificamos a participação dele no concurso do Corpo de Bombeiros, no qual foi aberto um novo inquérito e solicitada a prisão", disse o secretário de estado da segurança, Fábio Abreu.
Pelo menos seis dos envolvidos no esquema também participaram de fraudes no concurso do TJ-PI realizado em 2015. Estes estão foragidos e, de acordo com o delegado Carlos César Camelo, devem se apresentar à polícia. O Greco informou que uma mulher também teria participado do esquema que fraudou o concurso para agente penitenciário.
“As equipes continuam fazendo as diligências. Alguns mandados faltam ser cumpridos, mas acreditamos que até o final do dia outros suspeitos devem se apresentar à polícia com seus respectivos advogados. Eles preferem se apresentar a ter que ficarem foragidos”, destacou o delegado Carlos César.
Na Delegacia Geral, seis delegados ouviram as 35 pessoas conduzidas coercitivamente.
Curso de formação é cancelado
O Corpo de Bombeiros do Piauí decidiu suspender o curso de formação dos aprovados no concurso público realizado em 2014, alvo da Operação Vigiles. De acordo com o Major Egídio Leite, relações públicas do Corpo de Bombeiros, dos 27 presos, 19 estavam nesta etapa.
Além das prisões em Teresina, também foi feita uma condução coercitiva na cidade de Parnaíba. Uma mulher foi levada para depor e teve o celular apreendido. Ela foi liberada após prestar depoimento à polícia.
A operação consiste em 36 mandados de prisões, 35 mandados de condução coercitiva e 71 de busca e apreensão expedidos pelo juiz Dr. Luís de Moura Correia, titular da Central de Inquéritos Policiais de Teresina.
Candidatos barraram segurança
Procurado pelo G1, o Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos da Universidade Estadual do Piauí (Nucepe) informou que acompanha as investigações através da imprensa e que só deve se manifestar após encerrada a operação.
“Ainda é necessário aguardar o desenrolar das investigações para saber como os candidatos envolvidos na quadrilha conseguiram driblar o esquema de segurança implantado pelo Nucepe e conseguiram entrar com celular nos locais de aplicação das provas”, disse o presidente do núcleo, Jorge Martins.
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