O responsável técnico pela Estação de Tratamento de Água, Kleleto Barrata, e o diretor da Agespisa, José Dias, foram presos em flagrante durante a Operação Rio Verde, deflagrada nesta quarta-feira (30) pela Polícia Federal no Piauí. Segundo o delegado Carlos Alberto Fereira, as prisões têm relação com as coletas de água feitas na ETA, que constataram alto índice de esgoto sem tratamento e devido aos cargos ocupados, eles foram responsabilizados sobre a poluição, seja por omissão ou ação direta.
"A investigação teve início no começo do ano e desde então coletas estão sendo realizadas. Nesta quarta-feira apenas colocamos em prática a operação ostensiva, que era o cumprimento dos mandados de busca e apreensão de documentos na ETA, Agespisa e Ambev. As prisões só aconteceram após a constatação desta poluição, com punição dos cargos responsáveis", explicou.
O presidente da Agespisa, Antonio Filho, informou que só vai se pronunciar sobre a Operação Rio Verde depois de conhecer melhor os detalhes da investigação. Ele destaca que a empresa está colaborando com o trabalho da Polícia, fornecendo todas as informações e documentos solicitados.
Para o delegado da Carlos Alberto Fereira, o técnico da Estação e o diretor da Agespisa foram enquadrados na lei 9.654/94, que corresponde a crime ambiental e é afiançável. O policial não descarta a possibilidade de novas prisões após resultado dos laudos e que os níveis de poluição constatados são inaceitáveis.
Durante a coletiva, a Polícia Federal divulgou vídeos mostrando a poluição dos rios Parnaíba e Poti, e que serão incluídos nos inquéritos. Nas imagens, os agentes apontam galerias de esgoto, aguapés e a exploração da pesca em ambiente poluído. Segundo a PF, os fatos mostrados nas gravações comprovam a falta de tratamento de esgoto em Teresina.
Sobre a denúncia de que a Agespisa estaria distribuindo água sem tratamento, a delegada de combate aos crimes do meio ambiente Lea Muniz destacou que existem dois inquéritos que estão sendo trabalhados durante a investigação. Um é para averiguar a poluição dos rios e o outro é sobre a distribuição de água fora dos parâmetros estabelecidos para consumo.
"Toda empresa de tratamento tem que fazer um repasse contínuo da qualidade da água. A apreensão dos documentos foi justamente para ver se isto está sendo feito. Todo o material coletado hoje passará por laudo técnico para saber se atende a parâmetros de portabilidade microbiológicos e quantidade de metais contidos nessa água", ressaltou a delegada.
Delegada Léa Cecília Muniz (Foto: Yara Pinho/G1)
Lea Muniz revelou que em uma primeira análise foi constatado o alto nível de poluição nos rios e uma grande quantidade de esgotos despejados nos afluentes. Para ela, a companhia tem responsabilidade e ainda não é possível apontar quais os problemas de saúde podem causar a alteração na água.
Na Ambev, segundo a delegada da PF, também foram feitas coletas para averiguar as denúncias que a própria a Agespisa fez com relação à empresa de bebidas. "Até o momento não existe nada de concreto contra a distribuidora, mas não podemos descartar que ela é pontecialmente poluidora, por isso deve fazer o próprio tratamento", lembrou.
Uma equipe da Polícia Federal esteve na sede da
Agespisa em Teresina (Foto: Yara Pinho/G1)
Em nota, a empresa afirma que protocolou laudos e análises junto aos órgãos responsáveis que atestam "que não há qualquer relação entre a sua Estação de Tratamento de Efluentes e a citada poluição do Rio Parnaíba" (Leia íntegra da nota no fim do texto).
Sobre a operação
A Operação Rio Verde faz referência ao alto índice de aguapés existente no rio Poti. Pelo menos 80 policiais do Maranhão, Ceará, Piauí, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná participaram da ação.
Nota da Ambev na íntegra
A Ambev informa que já protocolou junto aos órgãos responsáveis, documentos, laudos e análises que atestam que não há qualquer relação entre a sua Estação de Tratamento de Efluentes e a citada poluição do Rio Parnaíba. A unidade de Teresina aplica os processos mais modernos e eficientes no tratamento de efluentes industriais. A empresa reitera que todas as suas operações seguem rigorosamente as especificações da legislação ambiental vigente e informa que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.