Um casal morador cidade de Uruçuí, as primeiras vítimas da quadrilha que foi presa durante a Operação Call Center, contaram como foram ludibriados pelos golpistas e levaram o prejuízo de R$ 23 mil na compra de um veículo. A quadrilha é suspeita de enganar compradores e vendedores de produtos pela internet para receber os pagamentos em contas de laranjas. Os golpes foram aplicados no Piauí e outros nove estados. Vinte pessoas foram presas suspeitas de integrarem a quadrilha.
A dona de casa Aline Barbosa Cardoso, da cidade de Uruçuí, contou que publicou, no início de maio, em um site de compra e vendas que procurava comprar um veículo. “Uma pessoa encontrou em contato, pelo WhatsApp, dizendo ser um advogado e usando as fotos deste advogado”, disse. O advogado em questão é um homem de Fortaleza, que não tem relação com o caso.
O suposto advogado dizia que iria receber um carro como pagamento por uma causa trabalhista, e pretendia vende-lo por um valor abaixo do mercado. “Iniciamos a negociação, ele bastante falante e educado. Ele marcou para que fóssemos ver o carro, e dizia que o veículo não tinha valor para ele”, disse Aline.
“Ele conseguiu convencer o vendedor de que ele era nosso advogado, e nos convencer que era o advogado dele”, explicou a dona de casa.
Aline e o marido se encontraram com o verdadeiro dono do veículo e o avaliaram. No dia seguinte, o casal avisou que estaria interessada em comprar o veículo pelo valor combinado. Sob orientação dos golpistas, o vendedor passou o veículo para o nome do marido de Aline, que transferiu o dinheiro para a conta do advogado. Dias depois, o vendedor ligou para o casal cobrando o pagamento pelo veículo, que não havia recebido.
“Quando meu marido ligou para o suposto advogado de outro número, ele disse ‘Vocês caíram em um golpe’, e desligou”, contou Aline. O carro então voltou para o nome do antigo dono, e Aline e o marido ficaram sem R$ 23 mil. “Ficamos só 48 horas com o carro”.
20 pessoas foram presas durante a Operação Call Center, realizada pelas Polícia Civil do Piauí, Paraná e Mato Grosso. Durante a operação, os policiais descobriram que as ligações partiram de dentro de um presídio na cidade de Cuiabá, no Mato Grosso. A quadrilha fez vítimas no Piauí e em outros dez estados brasileiros. “As pessoas dessa quadrilha eram especialistas, mas é um golpe que se generalizou em todo o país”, disse o delegado Matheus Zanatta, que participou da Operação Call Center.