A Polícia Civil concluiu o inquérito da Operação Call Center e encaminhaou para a justiça na sexta-feira (13). Ao todo, 21 suspeitos de aplicar golpes em compra e venda de veículos na internet foram indiciados, com prisões cumpridas em Cascavel e Cuiabá. Segundo o delegado Matheus Zanatta, que coordenou as investigações, essa foi a maior operação do país em fraudes de plataforma digital e em 50 dias, os bandidos conseguiram roubar R$ 2 milhões.
"Os bandidos comandavam tudo de dentro da Penitenciária Central de Cuiabá. Quarenta pessoas foram interrogadas e admitiram o crime e que a estrutura da organização era complexa. Se tratava de uma verdadeira organização criminosa, que tinha uma estrutura complexa e uma divisão de tarefas, cada pessoa tinha sua tarefa nessa organização criminosa”, explicou.
Foram 21 pessoas presas e o inquérito irá se estender as pessoas que foram interrogadas e soltas. Os suspeitos foram indiciados por falsidade ideológica por causa dos perfis na internet, estelionato e organização criminosa, aumento e agravante já que os coordenadores planejavam toda a ação e porque usavam uma menor de idade para fazer os saques.
“Nós fizemos aproximadamente 40 interrogatórios em duas semanas em Cascavel e o que chama atenção que todas as pessoas, sem exceção, confessaram o crime, que faziam as movimentações bancárias e outras que cooptavam pessoas para fazer essa movimentação bancária”, contou o delegado.
Outra coisa que chamou atenção da equipe de investigação foi à rapidez nos saques. “As pessoas recebiam o dinheiro do golpe na parte da manhã ou perto do almoço, transferiam pequenos valores para várias outras contas e todo mundo sacava ao mesmo tempo”, explicou Zanatta.
A investigação se iniciou no dia 12 de maio, depois que uma pessoa foi vítima da quadrilha no Piauí. Além disso, os mandados de busca e apreensão foram expedidos também no estado. No Brasil, a polícia identificou cerca de 25 vítimas, enquanto no Piauí, 16 vítimas foram evitadas.
Entenda como funcionava o golpe
O golpe era feito através de um perfil falso em uma plataforma digital e existia um vendedor com perfil verdadeiro nessa mesma plataforma, mas no anúncio, os fraudadores não mostravam as características externas do carro e colocavam preços atrativos. Quando o comprador entrava em contato com o golpista, ele virava uma espécie de intermediador entre o vendedor de boa fé e o comprador, ludibriando os dois.
“Normalmente ele usava a história de que realmente ele tinha esse carro para vender, mas estava com outra pessoa, então ele fazia a intermediação. Antes de mostrar o carro, ele dizia ao vendedor que quem iria ver era um ex-funcionário com quem tinha uma dívida trabalhista, mas que na hora de pagar era para tratar com ele mesmo. Para o comprador, ele pedia um sinal que geralmente variava entre R$ 40 mil e R$ 60 mil e pedia para ser depositado pela manhã e marcava a ida ao cartório para tarde, para dá tempo sacar o dinheiro", explicou Zanatta.
Segundo o delegado, no momento em que a vítima transferia o dinheiro, já tinha uma pessoa no banco para fazer a transferência para várias contas que pudessem sacar o mais rápido possível, porque quando vendedor e comprador se encontrassem no cartório iriam descobrir o golpe e iriam fazer boletim de ocorrência para bloquear o dinheiro, mas este já não estaria mais na conta depositada.
"Nós pedimos o bloqueio das contas e dos documentos dos veículos envolvidos e indiciamos por falsidade ideológica por causa dos perfis na internet, estelionato e organização criminosa, aumento e agravante já que os coordenadores planejavam toda ação e porque usavam uma menor de idade para fazer os saques", concluiu o delegado.
os mandados de prisão e busca e apreensão cumpridos foram expedidos pela Central de Inquéritos de Teresina pelo juiz Luiz Moura e com o parecer do promotor José Eduardo. "A agilidade deles foi fundamental para o sucesso da operação", avaliou o Zanatta.