Deflagrada na manhã desta terça-feira (14), a Operação Aspásia culminou na prisão de oito pessoas envolvidas com a prostituição na cidade de Teresina. Entre os detidos estão Elizabeth Lourdes Oliveira (mais conhecida como “Beth Cuscuz”, Keila Marina de Sousa Jacob (também chamada de “Claudia”) e Carlos Roberto da Silva Passos (vulgo “Carlão”). As duas mulheres são proprietárias da boate Beth Cuscuz e o homem é o dono da boate Copacabana.)
De acordo com o delegado geral da Polícia Civil, James Guerra, as investigações foram iniciadas em 2011 e culminaram com a deflagração da operação na manhã de hoje. “Iniciamos os trabalhos há 15 meses, após requisição do Ministério Público. Uma matéria publicada em um jornal da cidade sobre o envolvimento de menores com prostituição levou a essa investigação”, disse o delegado em entrevista coletiva.
Segundo a delegada Andréa Magalhães, da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), pelo menos três crimes teriam sido praticados pelos acusados: formação de quadrilha, exploração da prostituição e tráfico interno de mulheres. A Operação Aspásia constatou o envolvimento de pelo menos uma menor. Uma adolescente de 15 anos foi flagrada em um estabelecimento comercial na Zona Sudeste de Teresina.
“Com a noticia veiculada pelo jornal, começamos apurar a exploração sexual de menores. Hoje constatamos a participação de pelo menos uma adolescente. Essa quadrilha possui vários tentáculos. Constatamos a existência de pelo menos cinco sites que funcionavam até ontem [13] explorando sexualmente mulheres. Escutas telefônicas comprovaram a ligação desses pessoal com outros estabelecimentos comerciais que buscam lucros através da prostituição”, afirma Andréa Magalhães.
O portais que seriam utilizados para agenciar as mulheres seriam o “Pecado Casual”, "Só as Tops”, “Gatas Teresina” , “Multi Escolha” e “Mostra Teresina”. Os outros cinco presos durante a operação foram identificados como Alan da Silva, Rejane Melo, Goreth Maria de Oliveira e Francisco Bandeira.
Responsável direta pela Operação Aspásia, a delegada Daniela Barros, do Serviço de Operações Especiais (SOE) da Polícia Civil, se disse horrorizada com a situação dos estabelecimentos onde forma cumpridos os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça.
“A Beth Cuscuz é uma casa que mantém a fachada de bar, mas explora sexualmente algumas garotas. Estive lá, juntamente com peritos e constatamos quartos em condições precárias de higiene e habitação. A situação ali é deprimente”, explica.
Ainda de acordo com a delegada Daniela Barros, na boate Beth Cuscuz foram apreendidas comandas, que comprovam que cada garota deveria fazer com que fossem gastos pelo menos R$ 120 por dia, para que a mesma fosse liberada para fazer programas. Agendas encontradas no local mostram que clientes chegaram a gastar até R$ 8 mil no estabelecimento.
Segundo as investigações, cada garota cobrava entre R$ 200 e R$ 500 por cada programa. Para ter suas fotos e contatos disponibilizados no site, as mulheres tinham que pagar mensalmente R$ 300 para os administradores dos portais.
Na boate Copacabana, a polícia encontrou uma arma de fogo. Segundo o delegado James Guerra, o fato gerou a prisão em flagrante do proprietário. Cerca de 40 pessoas serão ouvidas para prestar esclarecimentos.
A Polícia Civil não descarta a possibilidade de envolvimento de outras pessoas com a rede de prostituição. Mais mandados de prisão deverão ser cumpridos nos próximos dias. Além das boates Beth Cuscuz e Copacabana, a boate Rancho, localizada na Zona Sul, também foi alvo da operação.