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ONU se declara 'horrorizada

ONU se declara 'horrorizada' co.m operação israelense dentro do Hospital al-Shifa, em Gaza

Publicada em 15 de Novembro de 2023 �s 15h02


 O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários disse estar "horrorizado" com a operação militar de Israel dentro do Hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, como parte da guerra contra o grupo terrorista Hamas. A ação, que começou na noite de terça-feira e terminou nesta quarta, também foi condenada por outras entidades internacionais, como a OMS e a Cruz Vermelha.

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a operação do Exército e disse que "não há lugar em Gaza" que as Forças de Israel não consigam alcançar. Israel alega que o Hamas mantém um centro de comando no local.

Antes de deixar o hospital, após horas de ocupação, os soldados interrogaram dezenas de civis, que foram liberados, segundo um jornalista da AFP. De acordo com a ONU, o complexo hospitalar abriga, hoje, 2.300 pessoas, entre pacientes, profissionais da saúde e deslocados.

"Estou horrorizado com as informações sobre operações militares no Hospital al-Shifa de Gaza. A proteção dos recém-nascidos, pacientes, profissionais da saúde e de todos os civis deve ter precedência sobre todas as outras questões", escreveu Martin Griffiths, diretor do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), na rede social X (antigo Twitter). "Compreendo a preocupação dos israelenses em tentar encontrar a liderança do Hamas. Esse não é o nosso problema. O nosso problema é proteger o povo de Gaza do que está sendo feito contra ele".

O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, concordou que "os relatos de incursão militar no Hospital al-Shifa são profundamente preocupantes". E alertou que a agência de saúde da ONU "perdeu novamente contato com o pessoal de saúde do hospital". O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, por sua vez, disse em comunicado que "está extremamente preocupado com o impacto para pacientes e feridos, profissionais da saúde e civis".

Além das organizações internacionais, o Ministério das Relações Exteriores da Jordânia condenou a entrada das forças israelenses no al-Shifa como uma violação do direito internacional, especialmente da Convenção de Genebra, responsabilizando Israel pela segurança dos civis e do pessoal do hospital.

'Operação precisa e direcionada'
À agência de notícias Reuters, as Forças Armadas anunciaram ter encontrado armas do Hamas no Hospital al-Shifa e uma ampla infraestrutura terrorista. Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel garantiu que não houve confronto dentro do complexo, mas o Hamas fala em até 40 mortes na operação.

Em resposta às críticas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou mais uma vez que não há lugar seguro para os terroristas do Hamas, durante uma visita à base de treinamento das Forças Armadas de Israel em Zikim.

— Nos disseram que não chegaríamos ao arredores da Cidade de Gaza e nós chegamos. Nos disseram que não entraríamos no [Hospital] al-Shifa e nós entramos. — disse em um vídeo divulgado pelo seu Gabinete: — Não há lugar em Gaza que nós não consigamos alcançar.

Em uma publicação nesta quarta-feira na rede social X, o porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, reiterou que o Exército estava realizando "uma operação precisa e direcionada contra o Hamas numa área específica" do complexo, salientando que Israel está "em guerra apenas com o Hamas" e que continua "fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para mitigar o risco para os civis".

Hagari afirmou que as forças israelenses enviaram tradutores de árabe e pessoal médico para se unirem à incursão. Nos corredores do complexo hospitalar, alto-falantes informavam, em árabe, ordens dos soldados israelenses aos pacientes: "Todos os homens com 16 anos ou mais, [coloquem] as mãos ao alto e saiam dos edifícios para o pátio interior para se renderem".

Testemunhas descreveram, nos últimos dias, condições horríveis dentro do complexo hospitalar, com partos realizados sem anestesia, escassez de comida ou água e famílias inteiras vivendo nos corredores, além do fedor de cadáveres em decomposição. Uma vala comum foi aberta no local, onde já foram enterrados 179 corpos, segundo o diretor do hospital, o médico Mohammed Abu Salmiya.

Ao menos nove bebês prematuros morreram depois que foram retirados de suas incubadoras por falta de energia elétrica, em consequência do cerco imposto por Israel desde 9 de outubro. Além disso, 27 pacientes que estavam no CTI morreram porque não tinham um respirador, segundo o Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas.

Israel disse ter enviado encubadoras ao hospital, mas não há escassez do equipamento e sim de combustível para os geradores que mantêm os aparelhos funcionando.

Troca de acusações
Israel afirma que o Hamas construiu um centro de comando militar por baixo do hospital, transformando os seus pacientes em escudos humanos. Na terça-feira, a Casa Branca afirmou que fontes do serviço de Inteligência americano corroboraram a afirmação israelense.

Ainda assim, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que os EUA — aliado mais próximo de Israel — não queriam ver "um tiroteio num hospital onde pessoas inocentes, pessoas indefesas, pessoas doentes que tentam obter cuidados médicos que merecem sejam apanhadas no fogo cruzado".

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Para os palestinos, o centro médico é uma instituição civil, e qualquer uso como base militar foi veementemente negado tanto pela liderança do hospital, quanto pelo Hamas, que já pediu visitas de comissões de investigação internacionais.

A ministra da Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mai al-Kaila, citada pela agência de notícias palestinas WAFA, disse que as forças israelenses "estão cometendo um novo crime contra a humanidade, os médicos e os doentes". Al-Kaila afirmou ainda que Israel é "responsável pelas vidas dos funcionários do hospital, pacientes e as pessoas que buscam abrigo no al-Shifa".

A ANP administra a Cisjordânia, mas não a Faixa de Gaza.

O braço político do Hamas acusa o Exército israelense de cometer "um crime de guerra e um crime contra a Humanidade". Em um comunicado nesta quarta, o grupo disse que "considera a ocupação [de Israel] e o presidente [Joe] Biden totalmente responsáveis pelo ataque do Exército israelense ao complexo médico de al-Shifa".


Para os críticos de Israel, o foco do país no hospital, que nas últimas semanas também tem sido um refúgio para milhares de moradores de Gaza deslocados, além de pessoas gravemente doentes, demonstra o que consideram ser um desrespeito pela vida palestina.

No dia 7 de outubro, o Hamas executou um ataque surpresa no sul de Israel que matou 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses. Desde então, o Exército israelense bombardeia a Faixa de Gaza diariamente. Mais de 11 mil palestinos morreram nos ataques, segundo o Ministério da Saúde palestino, a maioria civis.

A crise humanitária no enclave palestino tem se intensificado. A ONU, citada pela Ansa, alertou nesta quarta-feira que cerca de 70% da população de Gaza não terá mais acesso à água potável devido à falta de abastecimento de combustível. O produto não entra no enclave nos comboios de ajuda humanitária, porque Israel teme o seu desvio pelo Hamas. (Com AFP e New York Times.)
Tags: ONU - ISRAEL

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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