A petroleira OGX, de Eike Batista, comunicou ao mercado que não vai pagar a seus credores cerca de US$ 45 milhões referentes a juros de dívidas emitidas pela empresa no exterior que vencem nesta terça-feira (1).
"A companhia optou pelo não pagamento das parcelas referentes aos juros remuneratórios, no valor aproximado de 45 milhões de dólares, decorrentes das Senior Notes emitidas pela OGX Austria, controlada da companhia, as quais venceriam na data de hoje", informou a petroleira no fato relevante.
A decisão da empresa - que tem pouco dinheiro disponível e lida com um fracasso em sua campanha exploratória - pode ser o primeiro passo do que pode vir a ser o maior calote da história por uma empresa latino-americana, destaca a Reuters.
No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a OGX informa que "a companhia possui 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida".
A petroleira deve usar o período de carência de 30 dias para concluir as negociações de reestruturação da dívida com os detentores de bônus. Se não chegar a uma solução, a empresa poderá ter de pedir recuperação judicial.
O não pagamento dos juros referentes à dívida de US$ 1,1 bilhão em bônus com vencimento em 2022 já era esperado pelo mercado diante da crítica situação de caixa da petroleira. No total, apenas em bônus no mercado internacional a OGX tem dívida de US$ 3,6 bilhões, segundo a Reuters.
A agência de classificação de crédito Fitch rebaixou, no mês passado, o rating da OGX para "C", de "CCC", apontando que a inadimplência da companhia era iminente ou inevitável.
Na Bovespa, a ação da OGX operava em alta de mais de 9% por volta das 12h15 desta terça. No ano, o papel já perdeu mais de 90% de seu valor. Veja cotação.
Derrocada
A derrocada da OGX, que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de Eike, ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira. No início de julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos antes consideradas promissoras.
Com pouco dinheiro disponível e fracasso na produção de petróleo até o momento, em agosto a OGX desistiu de adquirir nove dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de 280 milhões de reais ao governo por direitos exploratórios.
A OGX espera completar a venda de uma fatia em blocos de petróleo que possui para a malaia Petronas, para conseguir um alívio no caixa. A Petronas, porém, aguarda a conclusão da reestruturação da dívida da OGX para dar prosseguimento ao negócio de US$ 850 milhões com a petroleira brasileira.
A OGX contratou como assessores o banco Lazard e o grupo de investimentos Blackstone para coordenar as discussões com os detentores de bônus, enquanto revisa sua estrutura de capital e plano de negócios.
No começo de setembro, a diretoria da OGX decidiu exercer uma opção da companhia contra seu controlador, exigindo o aporte de US$ 1 bilhão na empresa prometido por Eike no ano passado, em caso de necessidade.
O empresário, que viu sua fortuna desabar diante do contágio nas outras empresas "X" pelo fracasso da OGX, questionou a validade do exercício da opção pela petroleira e disse que poderá recorrer à arbitragem.
No início de setembro, Eike informou que reduxiu para 50,16% sua participação no capital da companhia.
Fato relevante
Veja a íntegra do comunicado divulgado nesta terça pela OGX:
A OGX Petróleo e Gás Participações S.A. comunica ao mercado que conforme já informado em oportunidades anteriores, a Companhia encontra-se em processo de revisão de sua estrutura de capital relacionada, por sua vez, à revisão do seu plano de negócios. Em virtude desse fato, a Companhia optou pelo não pagamento das parcelas referentes aos juros remuneratórios, no valor aproximado de US$ 45 milhões, decorrentes das Senior Notes emitidas pela OGX Austria GmbH (“OGX Austria”), controlada da Companhia, as quais venceriam na data de hoje.
A Companhia contratou como assessores o banco de investimentos LAZARD e o BLACKSTONE para coordenar as discussões com os diversos stakeholders envolvidos no processo, dentre eles, os detentores das Senior Notes emitidas pela OGX Austria.
A Companhia informa, ainda, que pelas cláusulas que regem a referida emissão, a Companhia possui 30 dias para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida.