A OGX - empresa petroleira do empresário Eike Batista - informou que deu início aos procedimentos para extrair seus primeiros barris de petróleo. O processo prevê a injeção de produtos químicos no poço localizado em águas rasas da Bacia de Campos para o tratamento preliminar do petróleo e gás que será processado na plataforma.
A acumulação de óleo, batizada de Waimea, foi descoberta há dois anos e a extração começa em fase de teste de longa duração, cuja finalidade é confirmar a produtividade. A produção, comercial contudo, só terá início após a declaração de comercialidade. Em nota, a OGX (OGXP3) chega a informar com exatidão o momento do início dos trabalhos para a abertura do primeiro poço: 19h46min40s de sábado (28 de janeiro).
"O fluxo de petróleo será incrementado gradualmente conforme as boas práticas da indústria para melhor gestão do reservatório", informa a empresa, que foi criada por Eike em julho de 2007 e vem desde então desenvolvendo campanhas exploratórias.
Tempo recorde
O início da produção da OGX ocorre em tempo recorde. O campo foi descoberto em 2009.
Em menos de três anos ela está começando a produzir o primeiro barril de petróleo, o que é um prazo bastante rápido em se tratando de produzir petróleo no mar", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
Segundo ele, o prazo médio da compra de um bloco até o início da produção costuma ficar entre cinco ou seis anos.
"Acredito que um dos méritos da empresa foi ter contratado profissionais qualificados." Muitos atuavam, antes, na Petrobras.
Apesar do descrédito de parte do mercado, Pires acredita que não haverá novo adiamento.
"Houve um momento em que o mercado chegou a duvidar se a OGX conseguiria produzir o primeiro barril no começo deste ano e as ações da empresa tiveram queda. Mas, nas últimas semanas, as ações tiveram desempenho muito bom, porque o mercado está vendo que não vai ficar só no papel."
Meta de produção diária é ambiciosa
A fase inicial --o chamado TLD (Teste de Longa Duração)-- servirá para confirmar a capacidade diária de produção do campo. Para o diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo e ex-diretor da Petrobras, Ildo Sauer, a meta da empresa é ambiciosa.
"São raros os poços que começam com produção de 20 mil barris por dia e aumentam sua produção sem mecanismos de injeção de pressão no reservatório", diz.
Para Sauer, o prazo curto do início da produção também é surpreendente.
"No contexto brasileiro e mundial, trata-se de uma trajetória meteórica", diz.
"Adiamentos acontecem. Mas, tantos quanto a OGX fez, talvez seja típico de uma empresa que tentou acelerar muito. O fato é que se criou muito expectativa em torno desta extração e a indústria do petróleo é repleta de incertezas, inclusive em seus detalhes operacionais."