Em 2012, o desenvolvedor Dalton Caldwell arrecadou US$ 800.000 de doze mil pessoas que queriam uma rede social livre de propagandas – o App.net. Para se sustentar, ela cobra uma assinatura, que atualmente custa US$ 5 por mês ou US$ 36 por ano. (É possível usá-la de graça, mas com limitações.)
A ideia de uma rede social que não deixaria interesses comerciais se sobreporem à experiência do usuário soa atraente. Mas o futuro do App.net parece estar em risco.
Em blog oficial, Caldwell diz que o App.net “é lucrativo e autossustentável”, e “continuará a operar normalmente por tempo indeterminado”. Só que, daqui para a frente, a empresa não terá mais funcionários remunerados – tudo será terceirizado – e o programa de incentivo para desenvolvedores será fechado.
Ou seja, basicamente as assinaturas estão pagando só pela infraestrutura para manter o App.net vivo. Sem uma equipe interna de funcionários, e sem incentivo aos desenvolvedores, fica difícil imaginar como esta rede social vai evoluir.
E ela tentou ser mais do que um clone do Twitter. Sim, você pode postar mensagens de até 256 caracteres, mas também é possível usar até 10 GB de espaço na nuvem e acessá-lo de qualquer app conectado. Isso significa que, em vez de guardar suas fotos no Facebook, elas ficariam no App.net e seriam facilmente acessíveis através de uma API.
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Em novembro, veio o Broadcast: uma forma de receber notificações de um novo podcast, post, evento e mais. Basta assinar o canal e ser avisado através do app oficial para iOS e Android. Claro, isso não é um Google Alerts: seu site favorito precisa usar o Broadcast para enviar notificações – é de graça, mas requer um esforço adicional.
E em janeiro, surgiu o Backer: uma plataforma de crowdfunding para projetos bem específicos, como uma versão para Android de certo app, ou uma edição impressa limitada de uma webcomic.
Mas o App.net continua pequeno: são cerca de 260.000 usuários cadastrados (não necessariamente ativos) e 65 mil posts por dia, segundo estimativas do Appneticus. Compare isso aos 255 milhões de usuários ativos do Twitter, ou ao 1,276 bilhão do Facebook. E fica a pergunta: por que usar uma rede social na qual poucos estão?
Na verdade, existem redes sociais totalmente gratuitas e livres de propaganda – como o Identi.ca e o Diaspora – e mesmo assim elas têm pouco sucesso. Há apenas um milhão de usuários cadastrados em todas as setenta versões do Diaspora, que é open-source; o número de usuários ativos é bem menor.
Sim, há usuários insatisfeitos com grandes redes sociais, seja pelo excesso de propagandas, seja por mudanças feitas para aumentar o engajamento (e a receita) em vez de melhorar a experiência de uso. É a velha história: se você não é o cliente, é o produto. Mas, infelizmente, parece que não há muita gente disposta a pagar por uma experiência melhor.