O advogado Ércio Quaresma, defensor do goleiro Bruno Fernandes de Souza no caso do desaparecimento e suposta morte da ex-amante Eliza Samudio, revelou nesta terça-feira a um programa de TV de Minas Gerais que é viciado em crack há oito anos e que vem lutando contra a droga.
Quaresma disse à TV Alterosa, afiliada do SBT em Belo Horizonte, que o viciado de crack se torna um "escravo" da droga, que, segundo ele, é "depois da bomba de Hiroshima, a mais avassaladora que o ser humano pode ter inventado".
O que levou Quaresma a dar o depoimento foi o fato, segundo ele, de existir um vídeo em que o advogado aparece fumando crack. Ele, então, precipitou a declaração que já pretendia dar mais adiante, conforme disse, e fez a revelação antes que o vídeo vazasse.
Quaresma disse que, ainda na adolescência, entrou no mundo das drogas, fumou maconha e cheirou cocaína. Ficou quatro anos sem consumir nada, conforme afirmou. "Tive uma recaída, e a partir de oito anos pretéritos eu tive um ingresso nesse tenebroso mundo do crack", afirmou.
Há um ano e meio ele começou a se tratar, tentando controlar a vontade de usar a droga. Cedeu em três oportunidades, conforme disse.
"Nesse período, eu tive três intercorrências com utilização de crack. Uma delas deve ter gerado essa filmagem. Esse é um assunto que eu queria ter trazido à baila antes".
Quaresma disse que não fez a revelação antes porque conversou com sua mulher, também advogada, e ela achou que não deveria. Disse ter respeitado a opinião dela, mas que não podia mais evitar, já que o vazamento seria inevitável.
"É uma doença que você não tem controle sobre você. No ápice da crise, não existe o ser humano, existe uma vontade incontida de, cada vez mais, fazer uso daquela substância nefasta."
LIVRO
Com a ajuda do psiquiatra Ronaldo Laranjeira ele tem feito o tratamento. Com ele também disse estar escrevendo um livro para tratar da luta difícil para se livrar do crack.
Quaresma disse fazer um tratamento pesado, tomando em média 12 comprimidos por dia de psicotrópicos.
Segundo o advogado, ele foi fumar o crack em uma favela situada atrás do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, onde aconteceram as investigações do caso Bruno.
"Eu tenho um dom, esse dom é a advocacia. Esse dom não vai sucumbir diante do vício do crack. Eu tenho uma família e ela não vai sucumbir diante do vício do crack."
VÍDEO
Quaresma disse ter sabido da existência do vídeo pela imprensa. Ele não apontou quem seria o autor da filmagem.
Por isso decidiu contar a sua luta. "É uma questão pessoal minha, de doença minha, não é um momento de felicidade, é momento de consternação, mas é momento de superação", disse, acrescentando: "E preciso ter cada vez mais força para lutar contra aquilo que me assola".