Mais um gasto bilionário do setor elétrico, ainda não levado em conta nas medidas de socorro adotadas pelo governo ao setor, irá provocar novo aumento nas tarifas dos consumidores a partir do ano que vem.
Pelo menos R$ 2 bilhões terão de ser repassados aos preços para cobrir gastos das distribuidoras com a compra de energia mais cara nos casos em que a empresa geradora não consegue entregar o volume com o qual havia se comprometido em contrato. saiba mais Setor de energia perde 18% em valor de mercado em 4 meses, diz estudo Leia mais sobre Setor de energia
Até a mudança das regras do setor elétrico adotada pelo governo Dilma Rousseff, no final de 2011, se a produção de uma hidrelétrica fosse menor do que a prevista em contrato, após um período de seca, a usina geradora tinha de comprar energia de outro produtor e assumir esse prejuízo.
O governo transferiu essa responsabilidade para o consumidor.
Agora, a diferença é repassada às contas de luz por meio de aumentos das tarifas. Mas, em um primeiro momento, o gasto é coberto pelas distribuidoras.
O caixa dessas empresas já está sob pressão neste ano por causa de outros gastos bilionários com a compra de energia térmica, mais cara.
Em 2013, assim como neste ano, o atraso no período de chuvas reduziu o nível do reservatório das hidrelétricas e, por consequência, intensificou o uso das usinas termelétricas e fez disparar os gastos com energia.
O reajuste de tarifas ao consumidor no ano que vem já terá que levar em conta o impacto de quase R$ 10 bilhões em despesas das distribuidoras com o uso de térmicas em 2013.
A conta terá de ser repassada aos consumidores até 2018, mas até agora nenhuma parte foi paga.
A esse valor de 2013 deverá ser somado um repasse de R$ 1,2 bilhão feito pelo Tesouro e mais R$ 11,2 bilhões de um primeiro financiamento bancário para as distribuidoras, intermediado pelo governo nos últimos meses.
Editoria de Arte/Folhapress As duas operações foram realizadas no primeiro semestre deste ano para cobrir as despesas extras com compra de energia.
Na conta do consumidor a partir do ano que vem entrarão, ainda, mais R$ 6,5 bilhões de um novo empréstimo que deverá ser oferecido ao setor por diversas instituições bancárias, incluindo o BNDES.
No total, quase R$ 31 bilhões devem ser repassados às tarifas nos próximos quatro anos. O impacto sobre os preços não foi estimado ainda pelo governo, mas consultorias estimam que ele possa chegar a até 25% em 2015.
ANEEL
Nesta terça-feira (22), o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, confirmou a nova operação "tapa-buraco" do setor elétrico que promete fechar a conta do setor com compra de energia.
Segundo ele, o novo empréstimo de R$ 6,5 bilhões será repassado às tarifas nos próximos dois processos de reajuste tarifário, com reflexos nas contas de luz de 2015 a 2017.
Segundo ele, a quantia será suficiente "a princípio" para cobrir despesas com compra de energia do ano.
O mercado, porém, estima que essa necessidade de recursos será ainda maior, de R$ 8 bilhões.
Essa nova operação trará alívio também às empresas de geração de energia.
Enquanto busca uma solução para injetar dinheiro no setor, o governo já adiou por duas vezes a data de pagamento pelas distribuidoras das despesas com compra de energia.