usina nuclear de Fukushima.
O Japão informou neste sábado que os níveis de radiação em torno da usina nuclear de Fukushima, que sofreu uma explosão após o forte terremoto de ontem, "diminuíram nas últimas horas".
De acordo com a agência da ONU para energia nuclear, com sede em Viena, houve um aumento inicial desses níveis mais cedo, mas eles estão se reduzindo.
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), também afirmou que tinha sido informada pelas autoridades japonesas que a explosão de sábado na fábrica de Fukushima Daiichi, ocorreu fora do vaso de contenção primária.
"O operador de usina, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), confirmou que a integridade do vaso de contenção primária permanece intacta", disse em um comunicado.
O acidente em uma central nuclear na cidade de Fukushima, no Japão foi classificado como de nível 4 na Escala Internacional de Sucessos Nucleares, que vai de 0 a 7. A classificação é a terceira mais alta já concedida, ficando atrás apenas do acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979 (nível 5) e de Tchernobil, em 1986 (grau 7).
A classificação 4 qualifica acidentes "com consequências de alcance local", segundo documentos da AIEA (Agência internacional de Energia Atômica).
O termo anomalia é utilizado para o nível 1 e, incidente, para os níveis 2 e 3. O nível 4 é o pior até o momento no Japão, de acordo com a Agência japonesa de Segurança Nuclear e Industrial.
O reator Daiichi 1, ao norte da capital Tóquio, começou a vazar radiação depois que o terremoto de magnitude 8,9 causou um tsunami, prontamente levantando temores de um derretimento nuclear. O sistema de resfriação do reator nuclear falhou após os tremores, causando uma explosão que rompeu o telhado da usina.
O governo insistiu que os níveis de radiação eram baixos. Segundo a agência de notícias japonesa Jiji, três trabalhadores sofreram de exposição radioativa perto da usina de Fukushima.
Esta foi a primeira vez que o Japão confrontou uma ameaça significativa de radiação desde o maior pesadelo de sua história, uma catástrofe exponencialmente pior: os ataques com bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945, que resultaram em mais de 200 mil mortes.
As autoridades afirmam que os níveis de radiação em Fukushima estavam elevados antes da explosão. Em determinado momento, a usina estava liberando a cada hora a quantidade de radiação uma pessoa normalmente absorve do ambiente em um ano.
IODO
Autoridades japonesas disseram neste sábado que o núcleo do reator estava intacto, e que água do mar seria jogada no reator que está vazando para resfriá-lo e reduzir a pressão na unidade, um comunicado que deve acalmar os temores de um acidente nuclear.
Especialistas disseram que é crucial assegurar que o recipiente de aço do reator não tenha sido afetado pela explosão ou pelo terremoto.
"Se o recipiente de pressão, que comporta de verdade o combustível nuclear... se ele estava para explodir, é basicamente o que aconteceu em Tchernobil, você terá uma liberação enorme de material radioativo," afirmou o professor Paddy Regan, físico nuclear da Universidade Surrey, no Reino Unido.
O governo do Japão avisou aos agentes de inspeção nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas) que estão preparando uma distribuição de iodo às pessoas que moram perto das usinas nucleares afetadas pelo terremoto de sexta-feira, segundo a agência da ONU, em Viena.
O iodo pode ser usado para ajudar na proteção contra câncer na tireóide, para o caso exposição radioativa em um acidente nuclear.
Após o desastre de Tchernobil, milhares de casos de câncer de tireóide foram registrados em crianças e adolescentes, expostas no momento do acidente. Mais casos são esperados.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) anunciou ainda que o risco para a saúde pública do vazamento de radiação no Japão parece ser "muito baixo", mas que a rede da OMS de peritos médicos estava pronta para ajudar se for solicitado.
"Neste momento parece ser o caso que o risco para a saúde pública é provavelmente muito baixo. Entendemos que a radiação que escapou da planta é muito pequena em quantidade," disse o porta-voz da organização, Gregory Hartl.