O maior "fazedor de gols" da lista original da seleção brasileira para a Copa América Centenário era Ricardo Oliveira. O corte do artilheiro nato despertou alguns dilemas sobre como o ataque da equipe vai se comportar. Mas nem a presença dele mudaria um cenário um tanto quanto preocupante. Neymar, ausente por conta do acordo com o Barcelona para que ele dispute as Olimpíadas, sozinho, tem mais gols do que os 23 convocados para o torneio, somados.
É verdade que, entre os inscritos, apenas Daniel Alves entrou em campo mais vezes do que Neymar pela Seleção: 90 partidas contra 70. Mas, por sua posição, lateral-direito, não era de se esperar competitividade em gols.
O fato é que desde 2010, quando o atacante do Barcelona, na época ainda no Santos, estreou na seleção brasileira, as ações giram em torno dele, dentro e fora de campo. Principal jogador da geração, raramente ele ficou fora de uma partida, pelo menos até 2015, quando cartões amarelos e vermelhos começaram a prejudicar de maneira incisiva sua participação na equipe.
Passou a ser momento dos coadjuvantes aparecerem. Nas eliminatórias, por exemplo, dos seis jogos que o Brasil já disputou, Neymar só esteve em campo em metade deles. E não fez nenhum gol. Willian, Douglas Costa, Renato Augusto e Ricardo Oliveira fizeram dois cada um, além de Lucas Lima, Filipe Luís e Daniel Alves, que também marcaram. Um sinal que anima a comissão técnica para a Copa América, já que não será possível depender de seu principal atacante.
Entre os convocados, Hulk é o maior goleador, com 11 no total. Lançado na Seleção por Mano Menezes, ele foi titular com Luiz Felipe Scolari, inclusive na última Copa do Mundo, quando decepcionou e não fez nenhum gol.
Daniel Alves tem 7. O último marcado pelo Brasil, inclusive, foi dele, no instante derradeiro do jogo contra o Paraguai, em Assunção, o lateral-direito garantiu o empate por 2 a 2, e também um alívio na pressão sobre Dunga, criticado dentro da CBF pelos maus resultados no início da disputa por uma vaga no Mundial de 2018.
Com exceção dos goleiros, até porque o único artilheiro da posição, Rogério Ceni, será auxiliar durante a Copa América, entre os outros 20 convocados, nove jamais fizeram gols pela Seleção. Douglas Santos, Rodrigo Caio e Gabriel, todos com idade olímpica, ainda não estrearam pelo time principal, é bom frisar.
Se Dunga quiser manter o esquema tático que adotou nos três últimos jogos das eliminatórias (uma vitória e dois empates), o 4-1-4-1, terá Willian (média de 0,17 gol por jogo) na direita, Douglas Costa (média exatamente igual) na esquerda, e poderá optar pelo estreante Gabriel, por Hulk (0,23) ou Jonas (0,22) no comando do ataque.
O Brasil começou a treinar nos Estados Unidos na última segunda-feira, e vai se preparar por duas semanas até estrear na Copa América Centenário no dia 4, contra o Equador, em Los Angeles. Antes, dia 29, em Denver, dará um amistoso diante do Panamá.