Numa tentativa de deixar seus usuários mais informados, nas palavras da própria empresa, a Netflix pode acabar comprando uma boa briga com as operadoras de internet dos Estados Unidos. Em meio às discussões sobre as regras de neutralidade da rede em território norte-americano, o serviço de streaming começou a testar uma nova função que avisa aos usuários sobre lentidão ou falhas no carregamento dos vídeos, debitando a culpa sobre os problemas nas empresas de banda larga.
Já aparecendo para alguns usuários dos EUA, a mensagem “A rede da [operadora] está lotada no momento. Ajustando vídeo para uma melhor reprodução...” foi exibida para clientes da Verizon, uma das principais empresas do ramo no país. Para o The Verge, a prática pode colocar ainda mais fogo em uma discussão bastante séria, que já deu as caras no Brasil e, agora, também toma o palco nos Estados Unidos.
Desde o início do ano, a Netflix acusa os provedores de internet de tentarem estrangular a banda disponível para os serviços de streaming como uma forma de evitar a necessidade de novos investimentos, bem como forçar tais empresas a criarem parcerias pagas. Afirmando pensar na qualidade de suas transmissões, o serviço já entrou em acordos do tipo com operadoras como a Comcast e a própria Verizon, de forma a garantir a velocidade da rede.
Apesar disso, a companhia não está nada satisfeita e a mensagem que agora é exibida aos usuários norte-americanos pode ser um reflexo disso, forçando os clientes a procurarem suas operadoras para solucionar problemas de conexão. Além disso, a Netflix integra um grupo de 150 empresas de tecnologia que militam contra o fim da neutralidade da internet nos Estados Unidos.
A situação é bastante parecida com a que aconteceu no Brasil e acabou atrasando a votação do Marco Civil da Internet. O governo ameaçou derrubar as regras de neutralidade, basicamente permitindo que as operadoras de telefonia criassem pacotes diferenciados de acordo com o tipo de serviço acessado – e não mais por velocidade total – e exigissem o pagamento de taxas extras caso o usuário quisesse mais disponibilidade.
Além da Netflix, fazem parte desse grupo companhias como Twitter, Amazon, Google, Dropbox, Kickstarter e Reddit, apenas para citar alguns. O perigo é ainda maior para provedores de streaming como o Ustream, Twitch e a própria Netflix, que também estão na luta para garantir a neutralidade e uma continuidade adequada de seus serviços. O debate, ao que parece, ainda está longe de chegar a um fim.