A TV Cidade Verde foi ao município de Valença, a 210 quilômetros de Teresina, para ouvir com exclusividade a estudante Nayra Veloso, 23 anos. A jovem está sendo apontada com a chave para o mistério que envolve a morte de Fernanda Lages, de quem seria amiga.
Nayra estava presa na Penitenciária Feminina da capital com o objetivo de contribuir com as investigações do caso. Foi liberada no domingo (25), a estudante seguiu para a casa da mãe, onde deve aguardar o desenrolar do inquérito.
“Durante a prisão, eles queriam que eu falasse algo que eu não sei. Eles queriam que eu falasse que eu estava na obra com Fernanda e com um suposto rapaz. Não tem a menor possibilidade de eu ter saído da boate antes das 5h”, disse Nayra Veloso.
Para falar com a emissora, a estudante pediu para não mostrar o rosto. Ela falou de como conheceu Fernanda Lages, do tempo em que ficou presa na penitenciária e como se desenvolveu essa amizade com a estudante achada morta no dia 25 de agosto de 2011.
Dia da morte
“A Fernanda disse que ia pra casa. Eu fiquei no bar. Eu não tinha comido ainda. Eles [Polícia Federal], em específico, queriam que dissesse quem era o rapaz. Eu disse que não sabia, que não estive lá, que eu não me ausentei, muito menos a Fernanda, até as 5h da manha”, disse.
Amizade com Fernanda
Nayra Veloso revelou que conheceu a estudante de Direito através de uma amiga em comum. “Nos conhecemos através de uma amiga dela, a Dayana, no dia 15 de junho, no aniversário de um grande amigo meu”, revela.
A jovem revelou que após a festa, teve que voltar para Valença, ao convívio da família. Depois de regressar à capital, Nayra Veloso disse que a amizade passou a crescer, mas de uma forma “normal”, sem motivos para desconfianças.
“A amizade ficou mais forte, algo saudável, nada do que a família pensa. A gente tinha muita cumplicidade, mas eu entendo a família da Fernanda em partes. Sei que eles perderam uma pessoa maravilhosa”, disse a jovem.
Ela falou do convívio e negou que tivesse conhecimento de que Fernanda usava drogas ou fizesse programas. “... não era uma amizade pesada. Não tenho conta na minha vida que Fernanda fez programa, não tem conta na minha vida que ela usou drogas e duvido de que ela tenha algo misterioso escondido. Ela não é isso tudo que eles tão falando não”, opinou.
Subsistência na capital
Sob Nayra recaíram acusações de que ela se mantinha na capital do Piauí, onde atualmente cursava a graduação de Propaganda em uma faculdade particular, como provável agenciadora de mulheres, no trabalho de aproximação de jovens meninas à homens ricos. Ela se defendeu.
“Tenho minha pensão alimentícia do meu pai biológico. Tenho a pensão que minha avó deixou pra mim e minha mãe trabalha. Eu não agenciava ninguém. Mas eu não tenho problema, nenhum tipo de preconceito, de andar com lésbicas, homossexuais, garotas de programa. Eu ando com todo o tipo de pessoa”, explica.
Agenciar mulheres
“Ninguém agencia mais mulheres não. Elas próprias estão se agenciando. O mundo tá muito moderno. Hoje em dia ninguém é obrigado a fazer nada. Eu posso estar em um grupo com 10 pessoas que fumam e eu posso não fumar”, analisa.
Nayra Veloso explicou que nos cinco anos em que mora em Teresina teve amizades de “todos os jeitos”. “Eu tive amigos que usavam suas drogas e eu nunca usei. Fizeram um exame no meu cabelo para saber se eu já usei algum tipo de droga. Quero que esse exame chegue à tona”, deseja.
Sobre prisão
Os momentos de maior emoção durante a entrevista se deram quando o repórter Raimundo Lima questionou sobre a prisão temporária de 10 dias. Nayra chorou duas vezes e revelou momentos próximos, de acalanto, com as presidiárias.
“Foi muito difícil. Quem prova o sabor da injustiça é que sabe como ele é amargo. Não tinha nada a ver. Se tivessem ligações minhas chamando ela pra usar drogas, para fazer programas... mas tem nada disso”, disse.
Nayra disse que a experiência a fez valorizar a vida e lhe deixou com desejo de aproveitar com mais afinco a vida. “Meu depoimento é só um. Não vai ser agora que vou mudar. Lá [penitenciária], eu pensei que era diferente. Sempre que passar lá vou lembrar que mudou minha vida. Lá, comecei a observar e a sentir falta das coisas simples da vida”, confidenciou.
A estudante, de 23 anos, disse que nunca tinha imaginado que a amizade com Fernanda Lages poderia mudar tanto sua vida. “Nunca imaginei que uma amizade de três meses poderia mudar o curso de uma vida por um motivo tão banal. As detentas tem um coração muito grande. Sempre me amparando, sempre conversando. Nunca fiquei sozinha. A direção da penitenciária me preservou também”, revelou Nayra.
Engenheiro Jivago Casto
A estudante de publicidade revelou que, em sua opinião, o engenheiro Jivago Castro não tem ligação com caso da morte de Fernanda. “Pra mim, não tem nada a ver não. Eu não sabia de todos os paqueras dela. Ela tinha muitos admiradores. Ela nunca citou o nome do Jivago. Não é um nome muito comum. Eu acho que se ela falasse eu me lembraria”, contou.
Advogado que a defende
“Fiquei muito surpresa. Não tive oportunidade de conversar com ele [Ronaldo]. Conheço ele a menos de dois anos. Ele vinha para Teresina e a gente saia, ia jantar. Ele não passava o final de semana inteiro. Ele vinha a maioria das vezes sozinho. Deve ter vindo no máximo umas cinco vezes. Nossa relação era só amizade. A ajuda veio sem que se eu soubesse. Eu já estava detida. O Ronaldo também conheceu a Fernanda através da Dayana”, explicou Nayra Veloso.