A modelo Najila Trindade prestou depoimento, na tarde desta quarta-feira, no caso em que acusa Neymar de divulgar imagens íntimas suas na internet. Ao deixar a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, ela manteve suas denúncias contra o jogador, incluindo a de que foi estuprada por ele num hotel de Paris, em maio. A Polícia Civil de São Paulo arquivou as denúncias, por considerá-las sem fundamento, e Neymar a processa por denúncia caluniosa, extorsão e fraude.
— Minha vida está devastada. Quem comete um crime público é bem capaz de cometer um crime privado. Já conseguiram provar que eu não fui violentada nem nada, mas não conseguiram indiciar ele por esse crime que ele fez. Ele tá trabalhando igual no futebol: driblando e caindo — ironizou a modelo.
No depoimento de cerca de 40 minutos, Najila respondeu a somente quatro perguntas: se era ela a pessoa nas fotos divulgadas por Neymar; se ela autorizou que as imagens e as conversas fossem divulgadas por outra pessoa; se era ela a pessoa conversando com o jogador; e como ficou sabendo do vazamento dos diálogos.
A investigação sobre a divulgação das imagens nas redes corre no Rio porque Neymar estava concentrado com a seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis, quando um vídeo de defesa foi publicado em suas redes sociais. Em depoimento, o jogador afirmou que um integrante de seu staff e um técnico em informática haviam divulgado o material.
— Tanto ele como quem orientou ele estão muito equivocados. A senha do instagram é intransferível, individual. Você paga pelo erro de dar a senha para outra pessoa. Ele disse que ia publicar e todos viram. Agora ele dizer que foi terceira pessoa para se eximir enquanto ele é absolvido e sai batendo asa, é muito fácil falar. Se ele foi orientado a fazer isso acho que foi um tiro no pé — ressaltou o advogado da modelo.
Já em São Paulo, onde corre a investigação sobre a acusação de estupro, o cenário é contrário às denúncias de Najila. Nesta terça-feira, a Polícia Civil indiciou a modelo por fraude processual, denúncia caluniosa e extorsão. O marido dela, Estivens Alves, foi denunciado por fraude processual e divulgação de conteúdo erótico.
— É justo que essa moça fique o tempo todo pagando por ter aceitado ou ter se oferecido para um convite de uma pessoa altamente famosa, que inclusive já está pagando o preço caríssimo por ter feito o que fez com ela? Quem faz aqui, paga aqui — disse o advogado Cosme Araújo, afirmando que se o ex-marido de sua cliente foi indiciado por ter encaminhado fotos dela para uma única pessoa, o jogador que divulgou para o mundo todo deve receber, no mínimo, o mesmo indiciamento.
Na visão do advogado Cosme Araújo, o recente indiciamento de sua cliente por extorsão é absurdo, sendo que em todo o tempo que o caso corre na justiça nunca houve aproximação da jovem com a família do jogador e em conclusão reafirma a inocência de sua cliente.
— Eu já li mais de 50% dos relatórios da delegada e posso afirmar que lá só tem até agora ilações e conjecturas. Acho que Najila foi vítima inclusive de outras pessoas, muitas pessoas segundo ela que estão ganhando com isso tudo, enquanto ela só está ganhando má fama — disse.
Em atendimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que pediu informações do processo de investigação da acusação do estupro, arquivado em SP, a DRCI prorrogou o inquérito por mais 30 dias e estima-se que até outubro haja uma resolução para o caso.