O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, vai concentrar esforços na última semana de campanha antes do primeiro turno, nos votos da chamada nova classe média, que ascendeu durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas diz que pode votar em Jair Bolsonaro (PSL).
Haddad entende que ainda há vários riscos neste primeiro turno antes de discutir se vai procurar líderes da oposição para uma concertação no segundo turno. Um desses riscos são os votos da "classe média progressista", como o PT classifica esse setor, principalmente na região Sudeste. Temendo surpresas, Haddad quer consolidar posições neste eleitorado.
A estratégia de Haddad, revelada pelo blog na semana passada, casa com os números do último Datafolha, de sexta-feira (28), encomendado pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo".
Aos números: Na classe média intermediária (nova classe média, já nem tão nova) Bolsonaro tem 27%, Haddad tem 23% e 15% estão sem candidato.
E, mesmo na média baixa (quase pobres), Bolsonaro tem 27% e Haddad 22%. Por isso, Haddad precisa se voltar para esse setor nesta semana e lembrá-los das conquistas que tiveram com Lula, na avaliação de pesquisadores.
"É o paredão bolsonarista estendendo tentáculos também para nichos petistas", disse Mauro Paulino, do Datafolha, ao blog neste domingo (30).
Mas o que explica essa intenção de voto? Diz Paulino: "Quando alguém sai da classe D/E e passa para a C, começa a aspirar valores que antes não tinha. Começa a questionar por que não sobe mais. Questiona o governo Dilma, por exemplo. Sente a ameaça maior de cair de volta, do que subir.O petista grato a Lula se irrita com a Dilma".
Por isso, Haddad esconde Dilma Rousseff na campanha. Durante a disputa, o candidato do PT evita falar da gestão da petista, para não ter que explicar os erros de gestão que levaram o país à atual grave crise econômica.
A própria campanha de Haddad admite nos bastidores que eles não têm como explicar a gestão da aliada. Melhor, então, escondê-la.