Bandeira do arco-íris é carregada durante a Parada Gay em São Paulo
Com o mote “País vencedor é país sem homolesbotransfobia: chega de mortes! Pela aprovação da Lei de Identidade de Gênero!”, a Parada Gay deste ano levou uma multidão à Avenida Paulista.
Imagem: DivulgaçãoBandeira do arco-íris é carregada durante a Parada Gay em São Paulo
Os militantes cobraram das autoridades a aprovação de leis contra a homofobia e a favor dos direitos de transexuais. O presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), Fernando Quaresma, reclamou publicamente da anexação do Projeto de Lei 122/06, que criminaliza a homofobia, ao projeto de reforma do Código Penal, ainda sem data para votação. A medida foi aceita no Senado, em dezembro de 2013.
“Por que o PL foi arquivado e agora temos que esperar a redação do novo Código Penal? Os parlamentares que decidiram isso estão com as mãos cobertas de sangue dos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais)”, afirmou Quaresma. Ele citou levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) que aponta que 310 homossexuais e travestis foram assassinados em 2013 e defendeu a aprovação da Lei de Identidade de Gênero, conhecida como João Nery, em homenagem ao primeiro transexual do Brasil.
Segundo a proposta de lei, transexuais teriam acesso à mudança de registro gratuita, mantendo os mesmos números de identificação (como o RG e CPF) e sem fazer referência a identidades anteriores. A lei também dispensaria a exigência de tratamentos psicológicos e autorização judicial para a cirurgia de mudança de sexo. Coube à transexual Janaína Lima falar sobre o constrangimento que o registro causa no dia a dia de quem muda de sexo, seja pelo nome incompatível com a identidade de gênero, seja no uso do banheiro masculino ou feminino.
“Queremos essa união com as autoridades todos os dias, não só em uma mesa para uma coletiva de imprensa”, disse Lima, que também é membro do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, referindo-se à coletiva que reuniu o grupo e autoridades como a ministra dos Direitos Humanos Ideli Salvatti, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT). Mencionando a dificuldade de se aprovar certos projetos em Brasília, a ministra Ideli Salvatti disse que “é preciso transformar esses milhões de participantes da Parada Gay em votos para novos representantes no Congresso Nacional".
Considerada uma das maiores do mundo, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo deste ano contou com patrocínio da prefeitura e dos governos do estado e federal, além de algumas empresas. A organização não informou quanto recebeu para promover o evento. A prefeitura afirma que investiu aproximadamente R$ 2 milhões na Parada Gay, que, segundo ela, movimenta cerca de R$ 220 milhões na cidade. A Secretaria de Estado da Cultura, que organizou parte do show de encerramento e duas atrações que antecederam a Parada, afirma ter investido cerca de R$ 150 mil.
Música eletrônica embalou o público, que percorreu uma das principais avenidas da cidade. Hits como Show das Poderosas, de Anitta, e Beijinho no Ombro, de Valesca Popozuda, levaram ao delírio os gays, lésbicas e transexuais, que encenaram performances dos artistas.
Museu das diversidade Previamente cotado para ser um centro cultural voltado à Turma da Mônica, o casarão Franco de Mello, no número 1.919 da Avenida Paulista será, segundo promessa feita ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), o Museu da Diversidade Sexual. O objetivo da medida é, segundo o governo, “a ampliação das ações culturais e outras relacionadas à preservação, estudo e difusão da memória da população LGBT paulista e brasileira”.
A proposta do equipamento cultural passa ainda pela valorização da diversidade sexual no Brasil “por meio de ações de pesquisa, salvaguarda e comunicação do patrimônio material e imaterial, a partir da abordagem da historicidade da população LGBT, do ativismo político e do legado sociocultural, entendendo seu importante papel como transformador da cultura brasileira", conforme a Secretaria Estadual da Cultura.
O novo museu é anunciado pela gestão Alckmin em um imóvel que nem sequer foi desapropriado. O governo paulista informou que ainda aguarda a imissão de posse do casarão (um dos últimos da era dos barões da Paulista) para dar início às providências necessárias ao restauro e posterior implantação do museu. Ainda de acordo com o governador, o prédio, que está “em péssimas condições” é privado e tombado por órgãos de defesa do patrimônio histórico. A mansão que abrigará o centro cultural está fechada há vários anos.