Familiares revoltados e ansiosos por notícias sobre os detentos que se rebelaram nesta segunda-feira (14) na Casa de Custódia de Teresina, resolveram fazer uma barricada e interromper um trecho da BR-316. Muitas mulheres chegaram a desmaiar na porta do presídio angustiadas por informações.
“Queremos notícia dos nossos parentes que estão lá dentro. Queremos informação, o diretor tem que vir aqui falar, estamos desesperados”, falou uma mulher que preferiu ter a identidade preservada.
Com o barulhos dos disparos que vinham de dentro do presídio, muitas mulheres se desesperaram e algumas chegaram a desmaiar. Houve correria do lado de fora da unidade e o clima ficou ainda mais tenso quando homens da tropa de choque encapuzados entraram. "Não matem nossos filhos", gritavam algumas mães.
Com a barricada feita na rotatória que dá acesso ao presídio, muitos motoristas subiram pelo canteiro para desviar. Um ônibus intermunicipal que tentou passar pela rodovia fazendo um desvio chegou a ser apedrejado pelos manifestantes, o que deixou os passageiros ainda mais revoltados.
Alguns familiares foram para a lateral do presídio e soltaram fogos em direção a área interna da penitenciária, mas acabaram sendo contidos por policiais militares, que recolheram os artefatos.
A coronel Júlia Beatriz, coordenadora do Gerenciamento de Crise da Polícia Militar, tentou negociar e tranquilizar os parentes dos detentos avisando que não havia mortos e feridos graves dentro da penitenciária.
Marcos Nogueira, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, também esteve na unidade acompanhando o trabalho da polícia e confirmou a informação de que não havia vítimas.
Por volta das 10h (horário local) a situação ainda era de tensão no presídio. Além da Casa de Custódia, detentos da Penitenciária Irmão Guido também se rebelaram na madrugada desta segunda-feira, mais de 10h após um preso ser assassinado de forma brutal no presídio.
A tropa de choque da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BpRone) foram acionados. As rebeliões ocorrem no mesmo dia em que os agentes penitenciários deflagraram greve.
“A situação é caótica, pois eles quebraram o acesso do pavilhão H ao restante da Custódia. Eles estão atirando pedaços de concreto que foram retirados das paredes", informou o diretor do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda.
Foi necessária a intervenção dos bombeiros porque os rebelados chegaram a atear fogo em colchões e houve um príncipio de incêndio.
O comandante de policiamento da capital, coronel Sá Júnior, informou que até as 8h não foi registrado mortes e feridos. "Pedimos aos familiares que tenham calma porque já conseguimos controlar os detentos de dois pavilhões", falou.
São pelo menos 800 presos dentro da Casa de Custódia participando diretamente da rebelião. O presídio tem capacidade para apenas 330 detentos e é uma das unidades com a maior população carcerária do estado.
Segundo Kleiton Holanda, a rebelião teria iniciado depois que uma fuga dos presos do pavilhão H foi abordada pelos agentes de plantão. “Eles fizeram um túnel que deu acesso ao pátio externo da unidade. Os agentes perceberam a movimentação e conseguiram recapturar os presos. Após a contenção dos detentos, a rebelião teve início”, informou.
Na cidade de Parnaíba, duas fugas foram registradas durante a madrugada na Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina e até a manhã ainda não haviam sido recapturados.