O delegado Francisco Barêtta, da Delegacia de Homicídios, confirmou nesta quinta-feira (25) que investiga como a família do preso Erisvan Carlos de Andrade, morto na Casa de Custódia, só soube da notícia através de uma ligação de um detento de dentro da unidade. Segundo a polícia, a irmã da vítima foi quem recebeu o telefonema e deve ser ouvida nos próximos dias.
"Vamos investigar tudo. Queremos saber quem são os suspeitos da morte e como os presos tiveram acesso a celular para informar à família do crime", declaro Barêtta.
De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinpoljuspi), o corpo de Erisvan Carlos de Andrade foi encontrado na cela 4 do Pavilhão G da unidade prisional, amarrado e com vários sinais de espancamento. Ainda de acordo com a entidade, nem mesmo a direção da unidade prisional tinha conhecimento sobre a morte do detento e que só soube quando a família apareceu no presídio atrás de informações.
O G1 conversou com a vice-presidente da Comissão de Direitos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Piauí, Lina Brandão, e informou que vai acompanhar as investigações junto com a Delegacia de Homicídios.
Segundo o vice-presidente do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda, o detento pode ter morrido vítima de espancamento, porque não apresentava sinais de perfuração. Ele confirmou também que estava na unidade prisional, quando familiares da vítima chegaram informando que foram comunicadas através de uma ligação telefônica da morte do preso. A suspeita é que o telefonema teria partido de dentro da unidade prisional.
"Quem me falou que o caso tinha acontecido foi a irmã do detento. Ela falou que recebeu a ligação de um preso por volta das 10h. Não sabíamos e fomos colher informações com a direção, que só tomou conhecimento do caso quando a família veio atrás. Uma equipe entrou no pavilhão e constatou que o mesmo havia sido morto. Então o que vemos é o total despreparo da gerência da unidade, pois não sabia da existência de um preso morto dentro da Casa", disse.
Já é a sétima morte nos presídios piauienses. Desde o início do ano, já foram registradas dois casos na Casa de Custódia, uma no Hospital Penitenciário, outra na Penitenciária de Floriano e outra na Irmão Guido.
"Não se pode colocar dar um culpado para as mortes dentro das unidades prisionais, mas é preciso que a Secretaria de Justiça tome providências. Não dá para evitar na situação em que o sistema penitenciário vive hoje, mas é dever e responsabilidade do estado de fiscalizar, porque fica uma situação vexatória um caso como esses, total descaso com aquela unidade prisional", contou.