O procurador regional eleitoral no Piauí, Kelston Lages, disse que um perito de Salvador foi enviado à Barreiras, na Bahia nesta sexta-feira (26) para fazer a perícia no dinheiro encontrado no interior do veículo que tinha como passageiro um funcionário do gabinete do senador Wellington Dias. Segundo o procurador, o relatório com as informações será encaminhado para o Ministério Público Federal, que poderá ou não, enquadrar o caso como abuso de poder econômico. O valor de R$ 180 mil foi encontrado pela Polícia Rodoviária Federal embaixo do banco traseiro do carro.
"O valor foi depositado em favor da Justiça Federal até que a situação seja totalmente esclarecida. O que precisamos saber é a origem desses R$ 180 mil e se tem alguma conotação eleitoral, por isso foi aberto um inquérito para retirar esta dúvida", explicou.
Para o procurador, o que causou estranheza foi o fato das pessoas detidas com o dinheiro não informarem a origem do valor. "Esse funcionário do Senado declarou que tinha o direito de ficar calado. O delegado então estranhou, porque se a pessoa está fazendo algo correto, não tem porquê negar a informação", contou Kelston Lages.
O representante do MPF disse que no Piauí a denúncia é investigada como possível crime eleitoral, mas que há na Bahia uma investigação criminal. "A nossa investigação depende da Bahia. Caso seja comprovado que estes recursos seriam utilizados para a compra de voto ou uso na campanha, isto pode ser considerado grave abuso do poder econômico, que pode resultar em cassação de registro de quem se encontra envolvido. Estou falando em tese, pois isto precisa ser comprovado, coisa que ainda não existe", destacou.
Nesta quarta-feira (24), o advogado do motorista do Senado Federal, José Martinho, afirmou que o valor de R$ 180 mil encontrado no veículo era proveniente da venda de um imóvel que o funcionário tinha em Brasília e seria investido na compra de uma propriedade no interior do Piauí.
Entenda o caso
O motorista do gabinete do senador e candidato a governador do Piauí, Wellington Dias (PT), foi detido durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal no dia 11 de setembro, em Barreiras, com R$ 180 mil em espécie dentro de um carro. Na época, o funcionário não soube informar a origem do dinheiro e o valor foi retido para investigação.
Wellington Dias (PT) negou que o motorista flagrado seria seu funcionário e sim do Senado, mas que estaria de férias e em atividade particular. No entanto, em consulta a página do Senado Federal, o nome de José Martinho Ferreira de Abreu aparece na função de cargo comissionado como motorista no gabinete do senador Wellington Dias. A admissão do servidor aconteceu ainda em 2011.