O Ministério Público Federal (MPF) afirmou nesta segunda-feira (21) que José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix, preso na 19ª fase da Operação Lava Jato, entrou em contato com testemunhas para alterar a verdade dos fatos.
Segundo o procurador Carlos Fernandes Santos Lima, colaboradores da Lava Jato afirmaram que Sobrinho entrou em contato com testemunhas de acusação na tentativa de afinar os depoimentos.
Sobrinho realizou pagamentos relacionados à propina já com a Lava Jato em curso. "Ele fez movimentações em janeiro de 2015, inclusive, quando outro diretor da Engevix estava preso. Isso demonstra o quanto eles não têm limites nas suas operaçoes", disse Carlos Fernandes.
A prisão do José Antunes Sobrinho é uma respostas à investigação de contratos da Engevix com a Eletronuclear. São contratos, de acordo com a Polícia Federal, no valor de R$ 140 milhões, entre 2011 e 2013.
"Conseguimos reunir mais provas e mostrar que nos contratos a maior parte da propina foi paga por ele, em contratos de fachada", disse o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula. Os pagamentos, conforme a investigação
A 19ª fase foi deflagrada nesta segunda-feira em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo, foram 11 mandados expedidos.
Além do mandado de prisão preventiva contra José Antunes Sobrinho, ainda está em aberto um mandado de prisão temporária contra um lobista, que segundo o MPF, seria o maior operador internacional descoberto pelas investigações da Lava Jato.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, não divulgaram o nome deste suposto operador. Apenas disseram que é uma pessoa conhecida e que deve se entregar ainda nesta segunda-feira. De acordo com o colunista Matheus Leitão, este operador seria João Rezende Henriques, lobista ligado ao PMDB.
Tanto Sobrinho, quanto Henriques já são réus em ações penais oriundas na Lava Jato que tramitam na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba.
Sobrinho responde pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na mesma ação que envolve o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, referente a 17ª fase. Já Henriques responde por corrupção passiva, lavagem de dinheiro na mesma ação em que Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. As acusações partiram da 15ª fase da Lava Jato.
O executivo foi preso em Florianópolis e será levado para Curitiba. A previsão é que ele chegue a capital paranaense por volta de 12h desta segunda-feira.
A nova fase
Ao todo, foram 11 mandados judiciais. A atual fase foi batizada de "Nessum Dorma", que, em português, significa "ninguém dorme". Os trabalhos desta etapa são considerados avanços de três etapas anteriores - 15ª, 16ª e 17ª, a segundo a PF.
Ainda segundo as investigações, foi verificado que uma das empresas sediadas no Brasil recebeu cerca de R$ 20 milhões, entre 2007 e 2013, de empreiteiras já investigadas na operação. O dinheiro, de acordo com as invetsigações, seria proprina obtida a partir de contratos com a Petrobras.
Em outro foco, de acordo com a PF, cumprem-se mandados relacionados à 16ª e 17ª a partir de elementos que apontam pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos já investigados.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.
O executivo da Engevix é investigado por ter pago R$ 140 milhões de propina da empresa para a Eletronuclear. Sobrinho foi preso em casa, em Florianópolis.
Ele já é réu da Lava Jato e responde pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele foi condenado na mesma ação que envolve o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O ex-ministro responde pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro.
Confira os focos das fases relacionadas
A 15ª fase foi batizada de Conexão Mônaco e prendeu ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. Ele está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A fase teve como foco o recebimento de vantagens ilícitas na diretoria da Petrobras.
A 16ª etapa da operação foi chamada de "Radioatividade" e prendeu Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, e Flávio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez. Othon está detido em um quartel em Curitiba e Flávio Barra também está no Complexo Médico-Penal.
Entre os presos da 17ª fase, batizada de "Pixuleco", está o ex-ministro José Dirceu. Ele está detido na carceragem da Polícia Federal. Esta etapa se concentrou em pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o poder público, alcançando beneficiários finais e “laranjas” usados nas transações.
18ª fase
A 18ª fase, chamada de 'Pixuleco II', foi realizada no dia 13 de agosto e prendeu o ex-vereador da cidade de Americana, em São Paulo, Alexandre Oliveira Correa Romano. Ele teve a prisão temporária convertida em preventiva a pedido da PF e do Ministério Público Federal (MPF).
Romano está detido no carceragem da Superintendência da PF, em Curitiba, desde o dia 13 de agosto e não tem prazo determinado para deixar a prisão.
Segundo as investigações, ele foi um dos operadores do desvio de R$ 52 milhões em contratos do Ministério do Planejamento.
O MPF alega que empresas do Grupo Consist Software assinaram, sem licitação, contratos com o Ministério do Planejamento.
O acordo foi assinado pela Secretaria de Recursos Humanos do ministério com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (Sinapp) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
As empresas contratadas teriam repassado os valores a operadores da Lava Jato. Ao todo, R$ 37 milhões foram arrecadados por Alexandre Romano, e R$ 15 milhões foram para Milton Pascowitch, que assinou acordo de delação premiada e está em prisão domiciliar.