O Brasil está entre os países com o maior número de mulheres agredidas. No Piauí, o Ministério Público Estadual tem recebido cerca de 100 denúncias por mês e na maioria das vezes o autor do crime é namorado, marido ou ex-companheiro da vítima.
Uma mulher que sofreu maus tratos e conversou com a reportagem sem ter a identidade revelada, relatou que no início eram apenas agressões verbais. A tortura psicológica deu lugar à força e foi um ano vivendo dia após dia o tormento de ter um marido violento dentro de casa.
“Eu ficava em conflito porque às vezes na rua, ele agia de uma maneira e em casa, principalmente quando bebia, ele era agressivo e chegava a agressão mesmo física e psicológica e eu ficava me perguntando quem ele era. Às vezes, no outro dia, ele me pedia desculpa, perdão”, relatou.
As mulheres vítimas de agressão preferem o anonimato, só não escondem que de histórias como a que foi relatada acima surgem estatísticas perturbadoras.
A cada dia, 179 mulheres em algum ponto do país, relatam esse tipo de violência. Mais da metade denuncia agressões físicas, seguidas de violência psicológica e uma série de conflitos que transformam qualquer lar em um calvário.
No entanto, a violência contra a mulher não está apenas dentro de casa. Ela está presenta também na sociedade. A partir do momento em que ela é vista meramente como um objeto, passível a todo e qualquer tipo de desrespeito.
Essa semana, o cartaz de uma festa provocou polêmica. O anúncio trazia a informação de que a mulher que subisse ao palco e tirasse a calcinha receberia R$ 100. O fato chamou atenção do Ministério Público e o dono da festa foi notificado.
“Do mesmo jeito que a mulher evoluiu para uma série de conquistas fora do lar, é preciso também que os homens a vejam não apenas como aquele objeto apropriado para aquela relação de força que ele tem no ambiente doméstico”, falou a socióloga Socorro Moura.
Enquanto isso não acontece, a fila de denúncias só cresce. São mais de 100 denúncias por mês, dado que reflete na coragem da mulher ao denunciar o agressor.
“Que essa mulher perca o medo, rompa o silencia e que ela denuncie porque é exatamente isso que vai fazer com que se chegue à erradicação da violência contra a mulher”, destacou a promotora Amparo Paz.