Após o relatório do Conselho Estadual de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU), que apresentou problemas no acesso da Ponte Juscelino Kubitschek, o Ministério Público Estadual afirmou que pretende ouvir todos os órgãos envolvidos na obra para saber quais os reais riscos para a estrutura do local.
No entanto, a promotora Denise Aguiar, da promotoria do Meio Ambiente, afirma que o projeto encaminhado pela Secretaria Estadual de Transportes (Setrans) para a construção da Ponte do Meio apresenta três diferentes alternativas de execução.
“Um dos projetos aponta uma passarela no meio, outro mostra a passarela na lateral e o projeto digital traz uma passarela com cobertura. Afinal, qual dos três foi o projeto executado? Nós continuamos com a insegurança sobre o que aconteceu e como foi executada a ponte do meio”, enfatizou.
A promotora disse que já vinha acompanhando as obras da Ponte do Meio, mas que os problemas com as vias laterais não eram de seu conhecimento.
“Surpreendeu-nos esse laudo técnico do CAU porque nós vínhamos atuando sobre a Ponte do Meio e, de repente, a gente descobre que a ponte lateral oferece riscos. O laudo aponta que a execução dessa obra acarreta em problemas nas estruturas laterais da via. Na realidade essa ponte lateral nunca foi motivo de desconfiança nossa, de que havia riscos, mas o CAU afirma ter um problema sério”.
Tais inconsistências motivaram o Tribunal de Justiça do Piauí a conceder uma liminar suspendendo as obras de construção dos acessos da ponte.
Segundo o presidente do Conselho Estadual de Arquitetura e Urbanismo, Manoel Castelo Branco, não há risco de desabamento da ponte. “As pessoas estão interpretando mal o que foi colocado. O calculista indicou que fossem elaborados outros estudos mais amplos sobre a estrutura da ponte JK e seu acesso. Para isso tem que ser paralisado o trânsito da ponte, a fim de que fosse feito o estudo. Nós pedimos que a ponte fosse paralisada para realização de estudo e não por risco de desabamento”, afirmou.
O presidente disse que não há riscos de desabamento na atual estrutura da Ponte Juscelino Kubitschek. “Essa ponte do jeito que está hoje não cai, não há risco de queda. O que pode haver são problemas nos taludes (inclinações) dos acessos, porque parte deles foi retirada durante a execução da obra da Ponte do Meio”.
A recomendação do conselho é que os estudos sejam feito o mais rápido possível, que a retirada do material da base de acesso à ponte seja imediatamente analisado para resolver o problema no conjunto da obra. “É necessário que se avalie a estrutura dela, afinal ela tem quase 60 anos de construção e não temos conhecimento de quantas vezes foi feita manutenção”, alerta.
Por meio de nota, o Conselho Regional de de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI) informou que as ações de remoção de parte do talude das ombreiras da ponte já estavam previstas no projeto executivo da terceira pista de rolamento. "Já estão prenunciadas intervenções de reforço deste talude com um novo processo que venha a garantir solidez e estabilidade com a eficiência da estrutura anterior", diz trecho do texto.
A nota diz ainda que as ações executadas com a retirada do talude eram necessárias "pois sem estas medidas não seria possível executar os serviços planejados e essenciais para o objetivo almejado. Dessa forma, ao contrário do especulado, recomenda-se a continuidade da obra com a maior celeridade possível".
Prefeitura de Teresina pede esclarecimento
O prefeito Firmino Filho encaminhou um ofício ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) solicitando informações sobre a real estrutura da Ponte Juscelino Kubitschek. A via é de responsabilidade do Governo Federal, por intermédio do DNIT, que autorizou o Governo do Estado a realizar as obras na ponte.
Por dia, durante o horário de pico da manhã (7h15 às 8h15), 6.185 veículos passam pela ponte Juscelino Kubitschek nos dois sentidos, Centro e Zona Leste. Já à noite o número aumenta para 6.265 carros entre 17h15 e 18h15. Os dados são da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans).