O procurador Francisco Gérson Marques de Lima, chefe da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical no Ministério Público do Trabalho, acredita que a série de greves de motoristas e cobradores de ônibus ocorre por motivos diferentes em cada capital. “As greves ocorrem em cada local devido a uma particularidade. Em uma cidade, a categoria paralisa porque está em desacordo com o sindicato, que aceitou um acordo que não atende suas reivindicações. Em outro local, quem está promovendo a greve é a entidade. Em outras cidades, a greve é solidária à outra categoria. As reivindicações são locais”, afirma. saiba mais Dilma diz ao PT que fará regulação econômica da mídia Governo lança guia de proteção ao consumidor na Copa Copa do Mundo faz salários subirem até 28%, diz pesquisa Polícia de SP recebe treinamento do FBI para controlar distúrbios Copa aquece mercado brasileiro com TVs de até R$ 99 mil Leia mais sobre Copa do Mundo 2014 No entanto ele acredita que a categoria tem aproveitado a proximidade da Copa do Mundo, que acontece em junho e julho no Brasil, para protestar. "A Copa é um momento oportuno que ele [rodoviário] tem para ser ouvido, para tornar suas reivindicações públicas”, afirma o procurador, ressaltando que paralisações de menor vulto tradicionalmente ocorrem em maio, devido às rodadas de negociações salariais. "Não significa que as greves estejam acontecendo só agora. Elas sempre ocorreram, são registradas todo ano, sempre na época de rodada de negociações salariais, em maio. O que ocorre neste ano é que está tendo maior destaque e vulto, porque a categoria está aproveitando o momento sensível da proximidade da Copa para chamar a atenção da população. E isso ocorre em um momento em que outros grupos que estão fazendo manifestações, como os estudantes, movimentos sociais", diz. Para o procurador, "os sindicatos estão com as bases frágeis, porque os trabalhadores querem representantes mais combatíveis, e veem um momento para fazer uma pressão maior sobre os empresários". “Estas manifestações estão ocorrendo devido à conscientização do trabalhador. Eles não estão satisfeitos com as entidades sindicais." Nesta quarta-feira (28), a paralisação de rodoviários atinge quatro capitais do país. Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e Florianópolis (SC) sofrem com falta de ônibus circulando nas ruas. Os profissionais reivindicam reajuste salarial, benefícios e melhores condições de trabalho, como o fim da dupla jornada de motoristas, que acumulam a função de cobradores. Na semana passada, São Paulo, enfrentou manifestações que paralisaram grande parte dos terminais durante três dias, prejudicando a população e provocando congestionamentos e caos nas estações de trem e de metrô. Segundo Marques de Lima, nas cidades em que há paralisações, o Ministério Público do Trabalho está mediando conflitos, buscando combater os excessos da greve, e negociando os dissídios coletivos. Não há uma investigação nacional sobre as paralisações. Para Marques de Lima, que foi procurador-chefe da Procuradoria Geral do Trabalho no Ceará e acompanha as paralisações da categoria há cerca de 10 anos, “os partidos políticos estão alijados” do processo. “É um movimento nacional que acontece de forma desarticulada, em cada cidade e cada estado ocorre por uma motivação específica. Sempre que há greve falam em envolvimento político. Mas isso não é questão partidária", acredita.