A Secretaria da Assistência Social e Cidadania informou na tarde deste domingo (20) que o assassinato dos dois adolescentes dentro do Centro Educacional Masculino (CEM) em Teresina pode ter sido motivado após um deles ter feito ofensas à mãe de um dos internos suspeito de cometer o crime. Em nota, a Sasc lamentou a morte dos menores que ocorreu na noite de sábado (19).
Segundo a secretaria, o desentendimento entre suspeitos e as vítimas ocorreu ainda na manhã do sábado durante o horário de visitas. De acordo com o capitão Anselmo Portela, diretor da unidade, os menores usaram ferros retirados da própria estrutura do espaço e que teriam sido escondidos por eles, dentro dos ralos dos banheiros dos alojamentos. As vítimas estavam nos alojamentos 1 e 4, da Ala B. As mortes aconteceram simultaneamente.
Os dois rapazes cumpriam medidas socioeducativas por homicídio ocorrido em Parnaíba, Litoral do Piauí. Eles foram transferidos do Complexo de Defesa da Cidadania de Parnaíba, para o Centro Educacional Masculino.
Após o ocorrido, os três menores que assumiram os crimes foram levados para a Central de Flagrantes, em seguida, ao IML para fazer exame de corpo e delito e, em seguida, conduzidos ao Complexo de Defesa da Cidadania, em cumprimento de Medida Cautelar e por medida de segurança.
A Sasc informou ainda que está prestando assistência às famílias dos menores vítimas e adotando as providências necessárias para translado para o município de Parnaíba.
3ª morte este ano
Com o assassinato dos dois adolescentes no sábado, o CEM já contabiliza três mortes esse ano. O outro crime foi registrado no dia 17 de julho quando Gleison Vieira da Silva, 17 anos, foi espancado até a morte dentro do alojamento que dividia com mais três rapazes. Os quatro foram condenados pela participação no estupro coletivo contra quatro garotas em Castelo do Piauí.
Gleison Vieira da Silva teria delatado os demais e esse fato teria sido o motivo para o crime contra ele. O julgamento dos três adolescentes suspeitos pelo assassinato de Gleison foi realizado na sexta-feira (18), mas teve que ser suspenso depois que duas testemunhas arroladas pela defesa faltaram à audiência.
A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB) chegou a fazer uma vistoria no Centro Educacional Masculino e encontrou várias irregularidades como o baixo número de educadores, lotação e alojamentos em condições insalubres.
A OAB-PI também entrou com uma ação civil pública contra a União para exigir de volta o recurso de R$ 5,5 milhões destinado ao estado. O dinheiro deveria ser utilizado para a construção de um novo centro de ressocialização de menores infratores, mas foi devolvido porque o governo estadual não cumpriu os prazos exigidos no convênio.