O promotor Eliardo Cabral, do Ministério Público do Piauí, declarou nesta segunda-feira (26) que a morte da estudante Fernanda Lages Veras foi planejada e motivada por "queima de arquivo". Em entrevista ao Cidadeverde.com e TV Cidade Verde, ele descartou tanto a tese de suicídio como crime passional. Para ele, as provas indicam que a jovem de 19 anos, achada morta há um mês nas obras da Procuradoria da República no Piauí, sabia demais.
Não tenho nem dúvida disso. Diante das informações que ela colheu depois de algumas coisas que ocorreram, ela se tornou uma pessoa no mínimo perigosa para um grupo de pessoas poderosas. Informações que poderiam levar a uma divulgação e poderia resultar em prejuízos de pelo menos duas ordens (...) Queima de arquivo. Não está ligado a área de ciúmes, crime passional... Não se trabalha mais com isso também", disse o promotor.
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Perguntado sobre que tipo de prejuízos, ele citou questões financeiras, políticas e de repercussão social. "É uma coisa terrível quando a pessoa passa a ser portadora de informações graves", acrescentou.
Os promotores Eliardo Cabral e Ubiraco Rocha foram destacados pelo Ministério Público para reforçar as investigações do caso há 10 dias. Cabral admite que a tese de suicídio não pode ser descartada porque haviam elementos que sugeriam tal possibilidade. Porém, com a soma de provas testemunhais e indiciárias, tal suspeita já pode ser deixada de lado. "A tese de suicídio é insustentável. A partir de agora vamos trabalhar para colher mais provas, não para nossa convicção, mas com o propósito de levar mais elementos de prova aos julgadores".
Para Eliardo Cabral, a prova indiciária no caso é muito forte. "Esse caso vai ser desvendado e julgado baseado em prova indiciária", afirmou. Sempre falando em tese, ele explica que tal prova consiste na análise lógica de circunstâncias. "Você chega a determinado indivíduo e pergunta para onde ele foi no carro. Ele diz que para lugar nenhum. Então você pergunta: e por que o motor está tão quente? (...) O pior de tudo nesse caso, o que expõe de forma terrível a ponto de ser colocado o anzol no queijo, é a mentira (...) No afã de se defender o camarada não pensa duas vezes e acaba se expondo quando mente", declarou o promotor.
Se uma declaração foi desmentida com provas, o responsável ou responsáveis pela morte da estudante já se expôs de alguma forma. Eliardo Cabral confirma que o inquérito investiga alguém que já foi apontado como suspeito ao longo da investigação. "O normal é que a pessoa se defenda do que está sendo acusada. Formular defesa antes de estar sendo acusada chega a ser imprudência", completou.
Questionado sobre pedidos de prisão, o promotor afirmou que prefere ter o suspeito solto no momento e que a solicitação de mandados para a Justiça será feita no período certo.