Morre Dona Can�, aos 105 anos,

Morre Dona Can�, aos 105 anos, diz filho em Santo Amaro, na Bahia.

Publicada em 25 de Dezembro de 2012 �s 13h11

�Claudionor Viana Teles Veloso, mais conhecida como Dona Can�, morreu aos 105 anos, nesta ter�a-feira (25), em sua casa, localizada na cidade de Santo Amaro da Purifica��o, no Rec�ncavo Baiano, afirmou o filho Rodrigo Veloso ao G1 �s 9h20 (10h20 no hor�rio de Bras�lia). Dona Can� passou a noite de Natal em casa, com os filhos, entre eles Caetano Veloso e Maria Beth�nia.
"Fica a li��o de amor, de guerreira, uma m�e exemplar. Fica a saudade e a certeza que ela est� em um lugar bom. Isso tamb�m nos d� um conforto. Bacana ter sido em um dia de Natal, isso � lindo", disse o filho Rodrigo. Ainda segundo ele, na segunda-feira (24), os m�dicos avisaram que os batimentos card�acos dela estavam fracos.
Segundo a fam�lia, o vel�rio ser� realizado at� as 18h desta ter�a-feira, em casa, com acesso apenas dos parentes. Depois disso, o corpo de Dona Can� ser� levado para o Memorial Caetano Veloso, na Pra�a da Purifica��o, onde os moradores poder�o se despedir da matriarca. O sepultamento est� marcado para 10h de quarta-feira (26), no cemit�rio de Santo Amaro. Antes, a fam�lia vai realizar uma missa de corpo presente na Matriz da Purifica��o.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, informou por meio de nota que ir� ao vel�rio na noite desta ter�a-feira, em Santo Amaro. ”Em meu nome e de todos os baianos, presto solidariedade � fam�lia desta grande mulher, que representou o que a Bahia tem de melhor, um s�mbolo de for�a, do�ura e coragem”, disse. Wagner marcou coletiva de imprensa sobre o assunto �s 14h30 desta ter�a-feira, no Pal�cio de Ondina.
Isquemia cerebral
Dona Can� esteve internada por seis dias, recebendo alta do Hospital S�o Rafael, em Salvador, na sexta-feira (21). Ela tinha sofrido um ataque isqu�mico cerebral, que gera redu��o do fluxo de sangue nas art�rias do c�rebro, segundo informou o boletim m�dico.

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De acordo com informa��es de Edson Nascimento, amigo da fam�lia, Dona Can� pediu um vestido novo e branco para deixar o hospital. Foi com ele que ela foi vestida para a casa, acompanhada da filha Mabel. Maria Beth�nia acompanhou a transfer�ncia da m�e em outro carro.
A matriarca teve oito filhos, entre eles os cantores Caetano Veloso e Maria Beth�nia. Em outubro de 2011, Dona Can� perdeu a filha adotiva Eunice Veloso, aos 83 anos, que morreu com insufici�ncia respirat�ria. O filho famoso, o compositor Caetano, completou 70 anos em agosto deste ano. Em dezembro, a matriarca da fam�lia assistiu ao show da nova turn� da filha Maria Beth�nia, no Teatro Castro Alves.
No dia 16 de setembro de 2012, Dona Can� completou 105 anos e, como tradicionalmente fazia, reuniu amigos e a fam�lia em missa e comemora��o em casa, na cidade de Santo Amaro. Estiveram na festa os filhos Caetano Veloso e Maria Beth�nia e a amiga Regina Cas�. Quem celebrou a missa foi o padre Reginaldo Manzotti.

Sa�de
Segundo a fam�lia, Dona Can� nunca apresentou problemas graves de sa�de. Em 5 de novembro deste ano, ela foi internada no Hospital S�o Rafael, ap�s apresentar sintomas de gripe com febre. Ela permaneceu internada at� o dia 9, quando recebeu alta.
J� em 2011, Dona Can� foi hospitalizada no dia 7 de julho com dores abdominais e falta de ar. Em julho de 2007, ela ficou sete dias internada no Hospital S�o Rafael por causa de problemas respirat�rios. Na ocasi�o, ela foi encaminhada de helic�ptero do munic�pio de Santo Amaro at� Salvador. No dia 2 de agosto ela voltou a ser hospitalizada por dores na coluna.
Biografia
Nascida em 16 de setembro de 1907, Claudionor Viana Teles Veloso construiu sua hist�ria no Rec�ncavo Baiano, no munic�pio de Santo Amaro da Purifica��o. Os filhos biol�gicos s�o Clara, Roberto, Caetano, Beth�nia, Rodrigo e Mabel. Dona Can� adotou as filhas Irene e Nicinha. Era vi�va de “Seu Zeca”, que morreu em 1983, com 82 anos.
Conhecida por sua personalidade forte e receptividade, Dona Can� participava sempre da tradicional Festa de Reis em Santo Amaro, que reune milhares de pessoas em toda regi�o. A celebra��o de seus anivers�rios tamb�m se tornou um marco, atraindo muitas pessoas para a festa.

Dona Can� sempre aparecia vestida toda de branco em seus anivers�rios. Quando completou o centen�rio, a missa foi celebrada pelo ent�o arcebispo primaz do Brasil, cardeal Dom Geraldo Majella. De Dom Geraldo, Dona Can� recebeu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.
Depois das comemora��es em Santo Amaro, Dona Can� foi para um hotel festejar os 100 anos. Ela foi recebida pela fam�lia e pelos amigos mais pr�ximos. O ent�o ministro da Cultura, Gilberto Gil, entregou � Dona Can� uma carta do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Em julho de 2011, Lula visitou pessoalmente Dona Can� em Santo Amaro.
Atr�s da apar�ncia fr�gil, com um corpo mi�do e fala mansa, Dona Can� escondia a longevidade de poucos e a sa�de considerada “de ferro”. Ela repetiu em diversas oportunidades que era dona de uma fama que sempre disse n�o entender o motivo, referindo-se ao intenso interesse da imprensa sobre ela e sua vida em Santo Amaro da Purifica��o.
Aut�ntica e m�e de dois grandes nomes da M�sica Popular Brasileira, Dona Can� se tornou um s�mbolo n�o s� de Santo Amaro, como do Rec�ncavo Baiano. Sempre lutou para melhorar a cidade e acolheu os moradores como uma m�e.

O sobrado de n�mero 179, no centro de Santo Amaro, se tornou um dos pontos tur�sticos do munic�pio. A casa onde residiu Dona Can� e a fam�lia Veloso sempre esteve com as portas abertas para baianos e turistas.
No casar�o antigo, as paredes s�o cobertas de fotografias e hist�rias dela e de toda fam�lia. Fotografias com o ex-presidente da rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva e o ex-senador Ant�nio Carlos Magalh�es ganham destaque na parede da sala.
Nas entrevistas que dava para a imprensa, Dona Can� costumava destacar a felicidade que sentia ao poder ter vivido o suficiente para acompanhar o crescimento dos filhos e netos, tendo at� conhecido os bisnetos. Sua lucidez a acompanhou at� os �ltimos dias de vida.
Ativa, era sempre Dona Can� quem cuidava das contas de casa e decidia o card�pio na cozinha. Tamb�m sempre foi muito conhecida pela vaidade. Foi uma mulher marcada pela religiosidade. Em casa, guardava h� anos v�rias imagens religiosas. A maioria foi dada por amigos e at� por desconhecidos. Foi com a ajuda da matriarca que a festa de Nossa Senhora da Purifica��o transformou-se em um evento famoso na Bahia.
Uma das principais comemora��es de anivers�rio foram os 100 anos de Dona Can� em 2007. O dia foi de flores, presentes e visitas de amigos e dos filhos. Na igreja de Nossa Senhora da Purifica��o, foi realizada uma missa em homenagem � matriarca. A imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida foi levada de S�o Paulo especialmente para a ocasi�o. A matriarca dos Veloso ficou pouco tempo na igreja, porque se emocionoubastante. Maria Beth�nia cantou "Romaria" em homenagem � m�e e assim que terminou a m�sica, abra�ou Dona Can�.
Sobre a hist�ria constru�da nos 105 anos de vida em Santo Amaro, Dona Can� disse em entrevista este ano que n�o conseguia esquecer de quando passeava com os amigos nas usinas de a��car da cidade. “A cidade cresceu, as coisas ficaram longe, os bondes eram importantes”, contou ao G1 no m�s de setembro.
Homenagens
Cantada por Daniela Mercury, a composi��o de Caetano Veloso que leva no t�tulo o nome da m�e "Dona Can�" descreve a rela��o que a matriarca tinha com seus familiares e amigos.
A vida de Dona Can� tamb�m inspirou o historiador Ant�nio Guerreiro de Freitas, que publicou em 2009 a biografia "Can� Velloso, lembran�as do saber viver", escrita tamb�m por Arthur Assis Gon�alves da Silva, que faleceu antes do t�rmino da obra.
Dona Can� tamb�m est� no nome do teatro fundado h� nove anos em Santo Amaro com a sua contribui��o. A filha Mabel Velloso lan�ou o livro “O Sal � o Dom – Receita de M�e Can�” reunindo receitas feitas pela m�e.
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Salvador, Santo Amaro

Tags: Morre Dona Can�, aos - Claudionor Viana

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Reda��o

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