BRASÍLIA — O ministro da Justiça, Sergio Moro , afirmou nesta quarta-feira, durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que não se opõe à possibilidade de o seu pacote anticrime tramitar na Casa , ao invés da Câmara. Moro ressaltou, contudo, que é preciso chegar a um acordo no Congresso, para evitar ruídos, e disse que a iniciativa precisa partir de senadores. Essa alternativa foi sugerida pela senadora Eliziane Game (PPS-MA), após a tramitação do projeto na Câmara ter sido preterida em favor da reforma da Previdência .
— Minha posição é que nós temos que respeitar a Câmara e o seu presidente. Se o Senado conseguir um ok, podemos prosseguir aqui pelo Senado. Eu não tenho nenhuma objeção — disse Moro.
Para tramitar no Senado, o projeto teria que ser apresentado novamente, por um senador. Eliziane quer apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei e está disposta a começar a coletar assinaturas. Essa ideia, contudo, não encontrou grande apoio em uma reunião de líderes realizada nesta terça-feira.
Moro recomendou que senadores procurem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a proposta, para evitar um "estremecimento":
— Acho que essa questão deveria ser levada pelos senadores ao presidente da Câmara. Porque, aprovada aqui, tem que ser voltar para lá também. Para não gerar nenhum estremecimento.
Embate 'contornável'
O ministro também minimizou o embate público com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em torno da tramitação do projeto. Na semana passada, Maia criticou Moro por exigir uma tramitação conjunta do pacote com a reforma da Previdência. Em resposta, o ministro insinuou que Maia não tinha pressa no combate ao crime. Nesta quarta, Moro disse que a polêmica está superada:
— Há uma prioridade, de fato, da Nova Previdência. O que eu tenho argumentado é que essa questão da Segurança Pública também é extremamente relevante. O desejo do governo e meu é que isso seja aprovado o quando antes. Houve uma troca de palavras ásperas, mas isso é absolutamente contornável. Não temos uma intenção de prolongar esse desentendimento.
O pacote de Moro, apresentado ao Congresso em fevereiro, consiste em três projetos que modificam 14 leis, entre elas o Código Penal e o Código de Processo Penal em assuntos como regras de legítima defesa e prisão após condenação em segunda instância; criminalização da prática de caixa dois; e mudanças na legislação eleitoral, entre outros.