SÃO PAULO — A Justiça Federal homologou, nesta quinta-feira, acordo de leniência com a Andrade Gutierrez, segunda maior construtora do país. Além de fornecer provas à investigação da Operação Lava-Jato, a empresa se comprometeu a pagar R$ 1 bilhão à União como ressarcimento pelos crimes cometidos em contratos com o poder público. Essa é a maior indenização já paga por uma empreiteira em acordos do tipo.
A empresa começou a negociar a colaboração com o Ministério Público Federal em outubro de 2015. Os executivos se comprometeram a revelar detalhes de contratos vencidos pela empreiteira em obras da hidrelétrica Belo Monte, da Usina nuclear Angra 3, da Ferrovia Norte-Sul e de estádios da Copa do Mundo.
Além disso, o ex-presidente da Andrade, Otávio Marques de Azevedo, e o ex-executivo Flávio Barra disseram, em suas delações, que a propina por obras superfaturadas feitas pela empresa foi paga na forma de doações legais às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff. Os executivos apontam, ainda, pagamento de R$ 150 milhões em propina em campanhas eleitorais do PT e do PMDB em 2010, 2012 e 2014,
Entre os políticos citados pelos dois executivos como envolvidos no esquema estão os ex-ministros da Casa Civil Antonio Palocci e Erenice Guerra; o ministro da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva; o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia; e o ex-ministro Delfim Netto. Todos eles negam participação nos crimes.
A Andrade Gutierrez publicará, na edição desta segunda-feira de alguns dos principais jornais do país, um pedido de desculpas e um apanhado de oito propostas para a relação do poder público com suas contratantes. No texto, a empresa diz que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia homologado acordos de delação premiada de seus executivos, como o ex-presidente da companhia Otávio Azevedo, e que agora também foi fechada a leniência.
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“É o momento de a empresa vir a público e admitir, de modo transparente perante toda a sociedade brasileira, seus erros e reparar os danos causados ao país e à própria reputação da empresa”, diz o texto.
O grupo afirma ter iniciado um sistema de compliance (controle interno) desde dezembro de 2013:
“Reconhecemos que erros graves foram cometidos nos últimos anos e, ao contrário de negá-los, estamos assumindo-os publicamente”.