Quatro dias após a tragédia no Parque Rodoviário, Zona Sul de Teresina, moradores tentam se reerguer depois de perder tudo e contam com ajuda de voluntários para conseguir roupas e alimentos. Na noite de quinta-feira (4), uma lagoa de um clube desativado transbordou e rompeu uma rua, que funcionava como dique, atingindo vários imóveis e duas pessoas morreram.
No fundo de um imóvel, Carlos Alberto prepara a massa para levantar a parede da casa do filho que caiu durante a enxurrada. No momento da tragédia não tinha ninguém no local e a água chegou a alcançar o telhado.
"A gente vem tentando se acostumar com o que aconteceu. A perda foi total, meu filho ficou com a roupa do corpo, porque a água cobriu a casa. Como ele estuda a noite e só chega depois das 22h, não estava aqui quando aconteceu. Agora é aprender a suportar a dor para saber viver", declarou o pai.
Carlos mora na casa da esquina, que não foi atingida pela água. Ele contou que estava se organizando com o líder comunitário do bairro para ir denunciar o acúmulo de água no clube desativado. "Não deu tempo", comentou.
O técnico de informática Francisco Alves tinha uma oficina de conserto de computadores dentro de casa e relatou que perdeu todos os equipamentos dele e dos clientes. O morador conseguiu salvar o pai, que estava preso dentro casa praticamente submersa.
"A perda aqui foi grande, só consegui recuperar a geladeira. Quando rompeu, a minha esposa e a minha filha estavam chegando da igreja, e eu tinha ido comprar um espetinho na parte de cima quando ouvi o barulho. Desci correndo, quando encontrei com elas na esquina, fiquei aliviado, mas lembrei do meu pai que estava em casa", lembrou.
Desde a tragédia, a família de Francisco Alves conta com a ajuda dos vizinhos para dormir e de voluntários para receber cestas básicas. O técnico não tem contabilizado o prejuízo com os equipamentos destruídos, que era o seu sustento.
"Estamos recebendo comida, roupas, mas pra reerguer minha casa vai ser o mais difícil, mas eu quero ficar aqui. A oficina era o único sustento da minha família, agora que perdi tudo, não sei mais como vai ser", declarou.
Segundo a Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), 109 famílias foram afetadas com a tragédia, 64 ficaram desabrigadas e quatro continuam em abrigo coletivo.