Ministros da ala militar do governo passaram a defender que o presidente Jair Bolsonaro "volte para o compasso" e chame o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para conversar.
A crise entre os dois começou na semana passada e, nesta quarta-feira (27), Maia chegou a dizer que Bolsonaro está "brincando de presidir". O presidente, por sua vez, disse que "não existe brincadeira, muito pelo contrário".
Para ministros da ala militar, o Palácio do Planalto precisa focar na aprovação da reforma da Previdência e não se perder em outros temas, como tem ocorrido nos últimos dias. Nesta semana, por exemplo, o palácio defendeu as comemorações do golpe de 1964.
Um integrante do governo usou a seguinte expressão para definir a troca de farpas entre Rodrigo Maia e Bolsonaro: "Estamos gastando pólvora em chimango''. A expressão gaúcha significa gastar o tempo com bobagens.
Interlocutores do presidente avaliam que a reação da Câmara ao aprovar a PEC do Orçamento na terça-feira (26) foi motivada por uma espécie de "crise de abstinência de protagonismo" do Legislativo. Afirmaram, contudo, que Bolsonaro já se convenceu de que precisa agradar políticos, o que parlamentares duvidam.
'Voltar para o compasso'
Mas há um entendimento nos bastidores do governo de que o presidente precisa "voltar para o compasso" e chamar Rodrigo Maia para "dançar", já que todos têm como objetivo a reforma da Previdência. "Ele é protagonista da reforma", disse um ministro ao blog.
Maia, no entanto, lembrava na semana passada a quem o questionava que, quando criticou o ministro Sérgio Moro (Justiça) e afirmou que ele 'conhece pouco a política', Bolsonaro não o procurou no dia seguinte.
Naquela ocasião, quem procurou Maia para apaziguar os ânimos foi o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, um dos bombeiros escalados para contornar a crise política entre os presidentes da Câmara e da República.
Desse histórico de desentendimentos surgiu a desconfiança de Maia e dos parlamentares com a mudança de postura de Bolsonaro. Segundo ministros, o presidente vai chamar líderes para conversar após a volta da viagem de Israel, marcada para a próxima semana.
Enquanto isso, além das pautas econômicas que podem ser debatidas nas próximas semanas, como a autonomia do Banco Central, deputados discutem pautar matérias de comportamento, área cara ao governo.