O ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou nesta segunda-feira (15) que o governo de Jair Bolsonaro pretende cobrar mensalidades de estudantes das universidades federais. “O governo do presidente Jair Messias Bolsonaro não vai cobrar, nunca saiu daqui, isso é fake news, não vai cobrar, do estudante de graduação das unidades federais, mensalidade alguma”, afirmou ele durante agenda oficial em Florianópolis (SC).
Na noite de domingo (14), Weintraub usou seu perfil em uma rede social para afastar rumores de que pretende privatizar a rede federal de ensino superior. “Não há privatização alguma! Teremos um modelo moderno, que nos aproximará da Europa, Canadá, Israel, Austrália, EUA etc. A adesão das universidades será voluntária, permitindo separar o joio do trigo... as que quiserem ficar no atual modelo, poderão ficar...”, escreveu ele.
Nesta segunda, o ministro atribuiu os rumores a pessoas da “oposição”.
“O governo do presidente Jair Bolsonaro não pretende cobrar. O que a gente vai fazer: eficiência”, disse Weintraub, citando o fato de que, mais de dois meses depois do contingenciamento aplicado pelo MEC nas universidades federais, as instituições continuam funcionando. “Passado 70 dias não tem uma universidade federal fechada. Não tem uma universidade sem luz. Não tem um refeitório, estudantes sem alimentação no bandejão. O que foi feito? Foi feito gestão”, disse ele.
Algumas universidades, porém, afirmam que, após o contingenciamento, não conseguem pagar contas e tiveram que reduzir as áreas dos campi que terão serviço de limpeza. Na Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a nova reitora, Denise Pires de Carvalho, afirmou que a universidade não paga a conta de luz desde janeiro. Já a Federal da Bahia (UFBA) disse que precisou reduzir o horário de funcionamento durante o recesso do semestre letivo.
Educação superior x educação básica
Em Santa Catarina, Weintraub diz que a redução de verbas para o ensino superior é uma aposta do MEC para aumentar o orçamento para a educação básica. “A gente vai priorizar eficiência e a primeira infância. São os países que deram certo que fizeram isso”.
A ideia existe desde a campanha presidencial de Jair Bolsonaro, que usou dados do Orçamento Cidadão para mostrar que o Brasil gasta mais com ensino superior do que com a educação básica, e defendeu “inverter essa pirâmide”.
O documento, porém, só leva em conta informações preliminares relacionadas ao governo federal que, de fato, gasta em média dois terços de sua verba educacional com o ensino superior. Porém, o motivo disso é uma determinação da Constituição Federal, que diz que o ensino básico deve ser prioridade dos estados e municípios. Um levantamento feito pelo G1 com os gastos globais em educação mostra que, em média, a cada R$ 1 gasto no Brasil em educação, apenas R$ 0,18 é destinado ao ensino superior, e o resto fica na educação básica.