O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, classificou nesta quinta-feira (10) a derrota por 7 a 1 sofrida contra a Alemanha, na semifinal da Copa, como uma "marca profunda", cobrou mudanças na estrutura do futebol brasileiro e defendeu uma intervenção estatal para que essa revolução aconteça.
"O futebol brasileiro precisa de mudanças. A derrota para a Alemanha expõe, evidencia mais essa necessidade", afirmou o ministro, durante entrevista coletiva organizada pela Fifa e o COL (Comitê Organizador Local) do Mundial no Maracanã. saiba mais Polícia tenta capturar executivo suspeito de integrar quadrilha internacional de cambistas Neymar admite fracasso da seleção mas diz que será injustiça se jogadores ficarem marcados Finalistas lideram ranking provisório da Fifa; Brasil cai para 7º Se Brasil ficar em 3º lugar, CBF receberá R$ 48 milhões Papéis de empresas brasileiras sobem no exterior, após derrota na Copa Leia mais sobre Copa 2014
Segundo o ministro, o tamanho da goleada que tirou da seleção a possibilidade de ser hexa em casa foi um acidente, que não aconteceria novamente se as duas equipes se encontrassem mais uma vez, mas que merece ser analisado para o bem do futuro do futebol brasileiro.
"Precisamos examinar o motivo e a causa do acidente. É uma marca profunda. A melhor reação é ver as causas mais duradouras daquele desastre. Precisamos extrair lições para que o Brasil reponha a seleção no status que ela deve ter. As mudanças são necessárias".
Imagem: Rebelo defendeu ainda que essa revolução pela qual o esporte precisa passar deve ter o governo como protagonista, com a confecção de leis e pressão sobre dirigentes esportivos.
O presidente da CBF, José Maria Marin, e o presidente eleito da federação, Marco Polo del Nero, ainda não foram a público falar sobre a eliminação brasileira. Já o técnico da seleção, Luiz Felipe Scolari, disse que "o trabalho não foi de todo ruim".
Segundo Rebelo, o governo não pretende nomear cartolas, mas quer ter um papel mais ativo na CBF e em outras federações esportivas. "O Estado não pode ser excluído da competência de zelar pelo interesse público dentro do esporte".
"A Lei Pelé tirou do Estado qualquer tipo de poder de atribuição e poder de intervenção. Se depender de mim, não teríamos tirado o Estado completamente dessa atribuição. Se depender de mim, parte dessa atribuição deve voltar".
O regulamento da Fifa proíbe a ingerência dos governos nos rumos das federações nacionais filiadas à entidade. A federação nigeriana, por exemplo, foi suspensa na quarta-feira (9) porque o Estado decretou o afastamento de toda a cúpula da entidade depois da queda nas oitavas de final da Copa do Mundo.
PROPOSTA
Entre as possibilidades de intervenção estatal nos rumos do futebol brasileiro, o ministro citou a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte.
O projeto do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) propõe um refinanciamento das dívidas dos clubes em troca do que Rebelo chamou de ações de "modernização dos clubes", como o rebaixamento para quem não prestar contas das dívidas e punições para quem não manter salários dos atletas e funcionários em dia.
Rebelo também pediu por uma legislação que permita que jovens menores de 14 anos possam morar em centros de treinamento dos clubes (o que é proibido hoje) e adoção de medidas que diminuam o fluxo de garotos brasileiros indo jogar, ainda nas categorias de base, no exterior.
"Nós importamos mão de obra e exportamos da Europa serviços do futebol. Não pode ser assim. Exportamos nossos craques, muitos ainda em formação. Fiquei sabendo que parte importante da nossa geração sub-15 já está no exterior. Nossa legislação facilita isso".