Militantes xiitas desfilam em Bagdá
Imagem: Militantes xiitas desfilam em Bagdá Combatentes sunitas radicais tomaram mais cinco cidades do Iraque, aumentando a pressão sobre a capital, Bagdá, onde o governo dominado por xiitas dá crescentes sinais de nervosismo.
No fim de semana, a conquista mais significativa do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), facção que vem expandido seu domínio territorial desde janeiro, foi a captura de dois postos de fronteira com a Síria, Qaim e al-Waleed. saiba mais EUA não vão combater no Iraque, mas darão apoio técnico, diz Obama Obama diz que enviará 275 militares ao Iraque para proteger embaixada Como uma inesperada aliança Irã-EUA pode ajudar o Iraque Navio dos EUA entra no Golfo Pérsico para possível ação no Iraque Iraque: rebeldes tomam controle de nova cidade no norte Leia mais sobre Iraque
Caso se consolide, o avanço poderia facilitar a circulação de armas do EIIL e colocar sob seu controle uma área que se estende do leste do Síria, onde o grupo surgiu em 2012 como dissidência da Al Qaeda, até o oeste do Iraque.
Os jihadistas dizem que sua intenção é redesenhar as fronteiras do Oriente Médio para fundar um Estado islâmico supostamente inspirado nos tempos do profeta Maomé, no século 7.
O EIIL também tomou Rawa, Ana e Rutba, diminuindo ainda mais o controle do governo sobre a Província de Anbar, maior do Iraque e com forte presença de sunitas. Os combatentes mataram ao menos 21 pessoas na ofensiva.
Um porta-voz militar admitiu que as tropas se retiraram das cidades invadidas, numa manobra vista como prova da inépcia militar do governo.
Segundo o governo, evitar o confronto foi uma tática para preparar o contra-ataque.
Analistas, porém, afirmam que o objetivo é reorganizar o contingente para reforçar a blindagem de Bagdá, que o EIIL prometeu tomar.
A periferia oeste de Bagdá, onde começa a Província de Anbar, está sob forte tensão, conforme a Folha comprovou neste domingo.
Unidades fortemente armadas controlam o acesso à rodovia que liga a capital a Falluja, reduto sunita a 50 km do centro de Bagdá sob controle do EIIL desde janeiro.
A reportagem chegou a 25 km de Falluja, num ponto da estrada praticamente sem movimento de carros.
Controles também foram reforçados no acesso a Bagdá pelo norte, numa estrada que liga a capital a várias cidades tomadas pelo EIIL, entre as quais Baquba, a 60 km.
A reportagem viu uma coluna de 40 picapes recém- compradas pelo governo indo em direção ao norte, num aparente reforço no front. Na mesma estrada também havia ônibus e vans levando rumo ao norte o que aparentavam ser civis alistados às pressas como voluntários.
O porta-voz do Ministério do Interior, Saad Maan, disse à Folha que a estratégia de blindar Bagdá inclui apoio de tribos residentes próximo da capital. "Bagdá está segura e estável. Temos policiais, militares e 40 mil voluntários envolvidos para protegê-la."
AJUDA URGENTE
Maan, no entanto, pediu ajuda urgente às potências estrangeiras. "A situação é gravíssima, e ninguém está nos ajudando", disse ele, destacando sobretudo a expectativa de apoio dos EUA.
A tensão era palpável no ministério, onde havia intenso vaivém de oficiais, telefones tocando sem parar e assessores trazendo aos chefes informações em voz alta na frente de todos.
O governo bloqueou acesso às redes sociais, alegando que elas servem para fins de propaganda inimiga. Ligações pelo celular, que vinham funcionando normalmente, se tornaram mais difíceis.
A TV estatal divulga à exaustão imagens dos soldados em ação ao som de cantos ufanistas.
Apesar da pressão, o EIIL não pretende nem pode chegar à capital, disse Abdul Jabbar Ahmad, cientista político da Universidade de Bagdá.
"É uma guerra psicológica para enfraquecer o governo. O EIIL não tem homens nem armas para isso", afirmou.
"Se quisesse entrar em Bagdá, precisaria de respaldo muito mais significativo de seus apoiadores Turquia e Arábia Saudita. Duvido que estes países tenham interesse em ver o colapso do Estado iraquiano."