Publicada em 12 de Janeiro de 2014 �s 12h20
A produção de mel na macrorregião de Picos, no Sertão piauiense, mais que dobrou até dezembro do ano passado em relação a 2012. Até o último mês de novembro, a Casa Apis produziu cerca de 400 toneladas, enquanto que no ano passado, a produção só alcançou 165 toneladas de mel. Isso porque o Governo do Estado custeou a migração de abelhas para o Maranhão durante os cinco meses de seca.
Nesta época em que as floradas, que são alimento natural das abelhas estão se normalizando, aproximadamente cinco mil colmeias retornam da migração. Tanto a ida quanto a volta foi totalmente custeada pelo Governo do Piauí, medida que possibilitou a manutenção dos enxames e a continuidade da produção.
Em Santana do Piauí, município situado a 18 quilômetros de Picos, 550 enxames retornaram da cidade de Governador Nunes Frei, no Maranhão, no início deste mês. Para o apicultor Antonio José, que trabalha com mel há oito anos no município vizinho à Capital do Mel, a ação foi providencial e graças a isso provocou o aumento da produção.
“Foi uma medida boa que teve resultados muito bons. Hoje, a produção de mel só se torna um negócio rentável se fizer uma apicultura migratória durante o período de estiagem”, enfatiza Antonio José, que já está no segundo ano de migração dos enxames.
Ano passado, o produtor santanense perdeu 90% das colmeias por causa da seca que assolou a região. “Fiz a migração de forma particular, mas por causa dos altos custos, não pude levar todas as abelhas para outros estados do Nordeste, onde a florada estava normal. A ação é cara, muito cara, não dá para fazer sem ajuda”, realça Antonio José.
Sozinho, o apicultor chegava a produzir mais de 200 baldes de mel até 2010, quando o período chuvoso acontecia normalmente. Em 2012, a produção caiu para 140 baldes, período em que perdeu mais, por não ter alimento para as abelhas que permaneceram em Santana. Já este ano, a produção dele chegou a cerca de 430 baldes, graças às medidas de socorro à seca, providenciadas pelo Governo de agosto para cá.
O custeio total da migração foi com alimentação dos apicultores durante a migração, combustível, manutenção dos veículos, vestimenta de proteção e utensílios apícolas, locação de áreas para instalação de 80 apiários, hospedagem da equipe de apoio, locação de um trator para realizar vias de acesso aos apiários e locação de duas unidades de beneficiamento do mel.
Para o diretor-geral da Casa Apis, Antonio Leopoldino Dantas, a ação do Governo repercutirá em bons resultados na produção total de mel este ano, não só na região de Picos, mas em todo o Piauí, nos seus mais de 150 municípios produtores. Em 2012, a produção em todo o Estado caiu 75%, ficando em apenas 1.500 toneladas, enquanto que em 2011, a produção foi de 5.300 toneladas de mel.
Distribuição de mudas
Neste ano, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural distribuiu 200 mil mudas típicas da Caatinga, mas em extinção, que serão plantadas em áreas estratégicas para assegurar alimento para as abelhas nas próximas estiagens. O custo das mudas para o Governo foi de R$ 200 mil reais. “A distribuição deve ser concluída até maio de 2014, mas as consequências positivas serão para a vida toda”, realça o diretor-geral da Casa Apis.
Tanto a migração quanto a distribuição de mudas fazem parte de um projeto realizado pela Casa Apis, em parceria com o Governo do Estado e Banco Mundial, em um investimento de R$ 2,5 milhões, providenciais para salvar milhares de abelhas e assegurar a produção do mel em todo o Sertão piauiense.
“É em cima dessas fragilidades que nós temos que construir soluções concretas para superar. Desde sempre o governador apoia a causa do mel e o enfrentamento à estiagem, mas este ano, ele, de fato, vestiu a camisa, o que foi fundamental para a recuperação da produção”, finaliza.