Em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (5), os metroviários de São Paulo decidiram prosseguir com a greve da categoria, que teve início na madrugada de hoje. Os metroviários aprovaram também a liberação das catracas para manter o Metrô funcionando e não afetar a população.
No entanto, a proposta de liberação das catracas só será posta em prática se houver aprovação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que já a rejeitou publicamente com o argumento de que a medida causaria prejuízo ao Metrô. Caso o governo não a aprove, a categoria cruzará os braços.
Na assembleia, os trabalhadores também aprovaram que lhes seja cortado o ponto do dia para minimizar as perdas com a liberação das catracas.
Os metroviários também rejeitaram a determinação do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo) de manter ao menos 70% do pessoal trabalhando ao longo do dia e 100% nos horários pico.
Os trabalhadores lotaram a quadra dos metroviários, no Tatuapé (zona leste), e aprovaram a continuidade da greve por ampla maioria. Os metroviários ainda se dividiram em grupos para fazer piquetes nas principais estações de Metrô. "Todo mundo aqui é piqueteiro. Agora, o enfrentamento é com o governo do Estado", afirmou Altino Melo Prazeres, presidente do sindicato.
Uma nova assembleia será realizada amanhã, às 17h, na sede do sindicato.
Sem acordo
Na tarde de hoje, nova audiência de conciliação entre representantes do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e do Metrô-SP, para tentar pôr fim à greve da categoria, terminou sem acordo. Na reunião, os metroviários reduziram para 12,2% o pedido de reajuste salarial. O Metrô-SP manteve o percentual de 8,9% de reajuste, já oferecido na reunião passada, realizada ontem.
"É a mesma proposta de ontem. Não temos condições de aceitar", disse Prazeres. "Queremos que o governador [Geraldo Alckmin] assuma para si o comando da negociação. Ele não pode tratar o problema dos trabalhadores como birra."
Agora, a Justiça do Trabalho deverá decidir o futuro do movimento grevista. Na audiência de hoje, a desembargadora Rilma Aparecida Hemetério deu 24 horas para o sindicato manifestar-se sobre duas representações do Metrô. Uma pede a ilegalidade da greve. A outra pede ao tribunal que estabeleça os percentuais de reajuste e outros termos da negociação.
O julgamento da legalidade da greve estava previsto para amanhã (5). Com o prazo dado pelo tribunal, o julgamento só deverá ocorrer no final de semana ou a partir de segunda-feira. Será nomeado um relator que irá apresentar seu voto ao pleno do TRT, composto por dez desembargadores.
Até o novo julgamento, permanece válida a liminar, concedida pela desembargadora na noite de ontem, que obriga os metroviários a manter ao menos 70% do pessoal trabalhando ao longo do dia e 100% nos horários de pico. "Isso, na prática, é não ter greve. É uma opção que enterra a greve", afirmou o presidente do sindicato.
Percentuais
Na semana passada, o Metrô chegou a oferecer 5,2% --o equivalente à inflação-- e depois aumentou a proposta para 7,8%. Diante da iminência da greve, a companhia propôs 8,9%.
Desde o início da campanha salarial, iniciada no começo de maio, o sindicato exige um aumento salarial de "dois dígitos". Inicialmente, o pedido era de 35,7%, mesmo percentual de reajuste que uma comissão do Senado aprovou para os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Ontem, também em reunião no TRT, a categoria exigiu reajuste de 16,5%.
Na reunião, os sindicalistas também concordaram com a proposta do Metrô de uma cota mensal de R$ 669 de vale-refeição.
Na audiência, o Metrô esteve representado pelos gerentes de recursos humanos Alfredo Falchi Neto e Edna Silva Santos Prates, e pelos advogados Nelson Mannrich e Evandro dos Santos Rocha.
Os trabalhadores estavam representados por Altino de Melo Prazeres Junior, presidente do Sindicato dos Metroviários, Paulo Pasin, presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), além de advogados e outros diretores do sindicato. O Sindicato dos Engenheiros também esteve representado por diretores e advogados.