Com apenas 32 anos, o universitário Ramiro Ceolin sofre o drama de ter uma doença incurável, a Síndrome de Stevens Johnson. O fato mais curioso é que a doença, que tem como consequências feridas e perda de sensibilidade, foi provocada justamente por um medicamento receitado ao jovem em 2012, logo após ele ter sido vítima de um traumatismo craniano. Segundo o médico Juliano Dallapicola Gama, apesar de não ter cura, a doença tem tratamento.
De acordo com Ramiro, que é morador de Linhares, as reações começaram a aparecer logo após ter tomado um remédio a base fenitonina. "Como eu sofri um acidente e tive traumatismo craniano, os médicos me deram esse remédio para evitar uma possível convulsão, mas começaram a aparecer manchinhas nas minhas mãos, e ninguém sabia identificar o que era", contou.
Com ferimentos na pele, nas mucosas, na boca, nos ouvidos e até no olhos, Ramiro contou que passou a sofrer cada vez mais com as reações do remédio. "Depois evolui para os vômitos. Eu vomitava muito, cheguei a vomitar oito vezes por dia", lembrou.
A síndrome só foi descoberta quando o pai do universitário decidiu ler a bula do medicamento e constatou que uma das possíveis reações adversas causaria a doença. Agora, até atividades simples do cotidiano, como caminhar, causam transtornos na vida de Ramiro.
"Perdi o olfato em decorrência dos efeitos colaterais do remédio e da doença. Caminhar também é difícil, porque minha pele ainda está sensível. Também tenho sensibilidade ao calor, fotofobia. O oftalmologista também me recomendou sempre piscar quando estiver no computador para lubrificar os olhos, e quando estiver usando o celular".
Outros tipos de medicamento também foi suspenso. "O dermatologista que toma conta de mim mandou eu suspender todas as medicações. Evitar aos máximo os remédios. Se eu tiver uma dor de cabeça, por exemplo, eu tomo, mas com muita cautela", explicou.
Síndrome
A doença é rara e atinge seis em cada um milhão de pessoas por ano. O médico cardiologista, Juliano Dallapicola Gama, apesar de não ser especialista no assunto, explicou que a doença pode ser provocada por qualquer medicamento.
"É uma doença muito rara e muito grave. Não tem como prever, porque qualquer medicamento, teoricamente, pode provocar. Ela se manifesta como se fosse uma alergia grave, que pode levar a morte, mas que quando passa dessa fase aguda, as pessoas têm uma boa evolução. Tem que ser descoberto o quanto antes, para seguir o tratamento", explicou.