O gerente de policiamento do interior do Piauí, delegado Willame Moraes, disse na manhã desta quinta-feira (20) que os objetos encontrados com os cinco detidos suspeitos de participação na chacina em Alegrete do Piauí serão enviados para exames em Brasília. Segundo ele, a intenção da polícia é descobrir se o sangue encontrado nos objetos pertence às vítimas do crime.
Os cinco suspeitos foram presos ainda na quarta-feira e estão detidos na cidade de Fronteiras, próxima de Alegrete do Piauí. De acordo com a polícia, eles não souberam explicar a presença de sangue em alguns objetos e se contradisseram nos depoimentos, fato que motivou o pedido de prisão temporária de todos eles.
"Nós temos sangue em alguns objetos pessoais, como botinas que foram encontradas lá e isso deu suporte para que a autoridade judiciária decretasse as prisões. Iremos remeter a coleta realizada nas vítimas e também os objetos que foram encontrados com essas pessoas presas para fazer exames e saber se esse sangue é ou não vítimas. Se for, nós vamos ter a ligação das provas que queremos", falou Willame.
O gerente de policiamento do interior revelou que uma das vítimas, Maria do Socorro Carvalho, teria sido o pivô da chacina. Segundo o delegado, ela era suspeita de ter responsabilidade em dois assassinatos, sendo o último deles o de um professor do povoado Boa Vista que iria testemunhar sobre o primeiro homicídio ocorrido em 2012.
Em entrevista ao G1 nesta quinta-feira (20), o comandante do Batalhão da Polícia Militar de Picos, coronel Wagner Torres, disse que trata-se de uma briga de família, já que matadores e vítimas são parentes. Segundo ele, quatro dos cinco presos são familiares do professor assassinado que resolveram fazer justiça com as próprias mãos. O pai do professor está entre os presos.
"Na realidade é uma grande briga de família. Teve início com o homicídio em 2012 e acirrou agora em junho com o do professor, que iria prestar depoimento possivelmente acusando a Maria do Socorro. Talvez por conta da sensação de impunidade, a família do professor teria resolvido agir com as próprias mãos", falou.
Wagner Torres encerrou dizendo ainda que acredita na solução do caso em um curto espaço de tempo.
Vítima era monitorada
Maria do Socorro de Carvalho vinha sendo monitorada pela polícia por ser suspeita de cometer dois assassinatos na região. Segundo o comandante geral da Polícia Militar do Piauí, Carlos Augusto, a jovem era investigada pelas mortes de um professor, no mês de junho, e de uma amiga dele, em 2012 no município de Padre Marcos.
O professor identificado como George Francisco Carvalho era testemunha do homicídio cometido por Maria do Socorro e ia depor contra ela pela morte da amiga Cinara Ramos. As duas disputavam pontos de vendas de drogas na região, o que teria motivado o crime", contou.
Na semana passada, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Maria do Socorro de Carvalho, que chegou a ser conduzida à Delegacia de Alegrete. Na ocasião, Sildo Cícero de Carvalho, tio da mulher e também uma das vítima da chacina, assumiu ser o proprietário das cinco armas encontradas e liberado após pagar fiança.
Conforme a polícia, Sildo não tinha termo de posse legal das armas: três rifles e dois revólveres calibres 32 e 38 foram achados na casa.
Vítimas enterradas
As seis pessoas mortas da mesma família na chacina em Alegrete do Piauí foram sepultadas na madrugada desta quinta-feira (20) no povoado Boa Vista, local onde o crime aconteceu. Os corpos só deixaram o Hospital Justino Luz em Picos no final da noite de quarta-feira (19) e o velório durou apenas 10 minutos.
Cinco pessoas foram enterradas no terreno particular da família: Cícero Domingos de Carvalho e Francisca Luiza de Carvalho, ambos de 63 anos, a filha Sílvia Francisca de Carvalho, 43 anos, o filho adotivo Sildo Cícero de Carvalho, a neta Maria do Socorro de Carvalho, 23 anos, esta apontada pela polícia como alvo principal dos atiradores. A linha incial de investigação é de que o crime tenha sido motivado por vingança.
Bartolomeu Gomes de Carvalho - primo de Maria do Socorro – foi sepultado no cemitério do povoado. A imprensa não teve acesso aos funerais. Familiares ainda muito abalados com o crime evitam falar com os jornalistas.