A ex-senadora Marina Silva criticou nesta quarta-feira (15), no Recife, a discussão em torno do presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Marco Feliciano (PSC), e disse que considera "um erro" criticá-lo "por ser evangélico", e não "por posições políticas equivocadas".
Cotada para disputar a Presidência em 2014 pelo novo partido em formação, a Rede Sustentabilidade, Marina afirmou que "não se deve combater preconceito com preconceito".
Feliciano, que é pastor evangélico, sofre pressões para deixar o comando da Comissão de Direitos Humanos por suas declarações polêmicas em relação aos gays e negros. Ele é alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por preconceito e discriminação.
"Não devemos fazer esse debate dessa forma", disse a ex-senadora, usando em seguida seu próprio nome para exemplificar. "O despreparo da Marina é porque ela está despreparada, não porque é evangélica."
As críticas, segundo ela, "devem ser feitas pelas ações e atitudes, não porque se é ateu, católico, evangélico, espírita ou judeu".
Em entrevista à "Rádio Jornal", Marina, que também é evangélica, afirmou que religião e política não devem ser misturadas e que considera "uma conquista" o Estado laico.
"Nas reuniões [que faço] com lideranças evangélicas procuro fazer em espaços neutros, para não transformar púlpito em palanque", declarou.
A ex-senadora já havia feito as mesmas declarações sobre a polêmica em torno de Feliciano na noite de terça-feira, em uma palestra com estudantes da Unicap (Universidade Católica de Pernambuco). Ela nega que suas críticas sejam uma defesa do parlamentar.
"Ele está sendo criticado por ser evangélico, e não por suas posições políticas equivocadas. A gente acaba combatendo preconceito com outro. Porque se ele fosse ateu, eu não gostaria de combater as posições equivocadas dele dizendo que era porque ele era ateu."
Em 2010, a ex-senadora, então candidata à Presidência pelo PV, declarou ser contra o a legalização do aborto e do casamento gay, embora afirme concordar com à união civil entre pessoas do mesmo sexo.
DILMA SEM MARCA
Na entrevista, Marina afirmou também que o governo da presidente Dilma Rousseff "ainda não tem uma marca", ao contrário de seus antecessores.
"A marca que está deixando até agora é do retrocesso na agenda socioambiental", disse. "É no governo da presidente Dilma que se retirou as competências do Ibama para fiscalizar desmatamento, que se aprovou uma lei para anistiar quem desmatou ilegalmente 40 milhões de hectares, que se mudou o Código Florestal", criticou.
Ela elogiou o governo por manter as políticas sociais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.