Marieta Severo se despede de sua personagem em Verdades Secretas do jeito que a Fanny gosta: com uma bela taça de champanhe, que se juntou a tantas outras em um brinde épico de toda a equipe da novela, no último dia de gravação da história criada por Walcyr Carrasco. "Vamos fechar a tampa e comemorar esse trabalho que foi um grande sucesso, e me trouxe um prazer muito especial", enaltece a atriz. Em ano de boda de ouro de uma célebre carreira, o que não faltam são motivos para Marieta brindar. Reveja o desfecho de Fanny na trama:
Fanny deu a Marieta a oportunidade de levar para a telinha o oposto de sua essência. E a atriz vibra com isto. "É engraçado porque tudo o que eu desprezo está na Fanny", reflete Marieta. E Nenê, a dona de casa mais zelosa e amada do Brasil, sem dúvida assinaria embaixo! Aos saudosos da matriarca de A Grande Família, descobrimos por onde ela anda: nos sonhos da intérprete. "Já sonhei com a Nenê, com a família... Já fui assaltada por todos esses 'fantasmas' deliciosos. É muito tempo, são 14 anos dessa delícia que foi", destaca.
Minutos após concluir a última etapa de mais um trabalho aclamado pelo público, a atriz bateu um papo com o Gshow. Antes, porém, ela fez questão de tirar o luxuoso vestido – e também os cílios postiços – da última gravação de Fanny, para voltar a se vestir de corpo e alma da Marieta Severo. Afinal, há 50 anos, ela encanta o público com sua fórmula especial de simplicidade, bom humor e, claro, um talento singular.
Você celebra 50 anos de carreira vivendo uma personagem completamente amoral. Foi possível emprestar alguma coisa da Marieta para a Fanny?
Olha, não (risos). Não temos nada em comum. Para a Fanny, a coisa mais importante é poder, dinheiro. Eu, Marieta, nunca me guiei por isso. Não são diretrizes de vida pra mim – mesmo! Ela é amoral, faz tudo para conseguir se dar bem. É engraçado, porque tudo que eu desprezo está na Fanny. É muito divertido mostrar essas coisas em um personagem.
Você é vaidosa como ela?
Sou vaidosa, mas não excessivamente. A vaidade não me ganha. Às vezes, não ganha da minha preguiça. Mas eu sou uma pessoa que se cuida. Acho que uma atriz tem a obrigação de se cuidar, manter seu corpo. É a minha imagem, o público me vê. Então, essa imagem tem que ser agradável. Ela pode envelhecer, mas ela tem que ser agradável.
Como lida com os sinais do tempo?
A gente tenta lidar da melhor forma. Mas você não gosta de se olhar no espelho e ver seu rosto se modificando. Não é uma boa brincadeira essa. Ninguém gosta. Sou a favor de cada um fazer o que lhe faz bem. Mas eu acho que, como atriz, tenho que manter o máximo de expressividade no meu rosto. E não é só o seu rosto. Tem também os limites que o físico vai te dando, de você ficar mais cansada, não poder mais estar no pique que você teve a vida inteira.
Como é um dia perfeito na sua vida?
Tenho vários dias perfeitos. Um dia perfeito é um bom dia de trabalho, criativo, dia de harmonia... Se eu não tô trabalhando, um dia perfeito, às vezes, é ficar sozinha na minha casa, deitada, lendo... A hora que todo mundo vai embora, que eu fico sozinha na minha casa, é muito bom. Um dia perfeito também é um dia com o meu namorado, com a minha família...
Você vai pra sempre chamar o Aderbal (Freire Filho) de namorado?
É boa essa situação, a gente gosta disso. Eu e Aderbal estamos juntos há 11 anos. Ele mora na casa dele, eu na minha. Funciona muito, pelo menos na faixa de vida que cada um se encontra.
A Fanny faturou dois bonitões na trama, o Anthony (Reynaldo Gianecchini) e o Leo (Raphael Sander). O Aderbal sentia ciúmes?
Ah, não! Ele é do ramo, sabe que faz parte, que aquilo ali é uma coreografia: 'Vai pra cá, vai pra lá, bota a mão ali, aqui, agora beija, agora afasta, agora olha...'. Pela primeira vez ele assistiu a uma novela inteira. Ele assistia, comentava, curtiu muito a Fanny.
Quais são seus sonhos e planos depois desses 50 anos?
O caminho como atriz é infinito. Cada vez quero me sentir dominando mais a minha profissão, me expressando melhor através dela. Isso é eterno. Agora, a minha grande realização mesmo é o Teatro Poeira. Eu acho que eu e Andréa (Beltrão) deixamos uma marca que é útil pra cultura teatral do Rio, que ajuda a formar gente. Ali, eu acho que foi minha grande realização.
Consegue escolher o momento mais feliz e o mais difícil da sua carreira?
Mais feliz? Foram tantos... Não sei eleger um. Não sei mesmo. E os difíceis eu esqueci (risos).
E lá se foram 10 novelas até chegar na amada dona Nenê, que por 14 anos, conquistou Lineu (Marco Nanini) e o Brasil!