O senador Marcos do Val (Podemos-ES) chegou, por volta das 13h desta quarta-feira (19), à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre um suposto plano para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
Segundo Marcos do Val, em dezembro de 2022, ele se reuniu com Daniel Silveira (PTB-RJ) e o então presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada. No encontro, os três teriam discutido uma trama com o objetivo de levantar suspeitas sobre a atuação de Alexandre de Moraes na presidência do TSE.
A PF apura se os envolvidos teriam arquitetado um plano para tentar anular a eleição presidencial de 2022, na qual Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em depoimento na semana passada, Jair Bolsonaro confirmou que recebeu Silveira e Marcos do Val no Palácio da Alvorada, no dia 8 de dezembro do ano passado. O presidente, contudo, negou que os três tenham discutido uma trama para gravar Moraes.
De acordo com Bolsonaro, "nada foi falado" sobre o ministro do Supremo ou sobre prática de algum ato antidemocrático.
Várias versões
Desde fevereiro, quando o caso veio à tona, Do Val apresentou diversas versões a respeito do encontro.
Em um primeiro momento, ele indicou que Bolsonaro havia colocado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à disposição para a entrega de escutas, o que Bolsonaro nega. Pouco tempo depois, Do Val atribuiu a fala a Daniel Silveira.
O senador também disse que Jair Bolsonaro indicou concordar com a ideia. Em outro momento, retirou a informação. “Bolsonaro [só] ouviu tudo e ficou calado”, afirmou, acrescentando, porém, que ele não rejeitou as ideias de Silveira.
Ao ser ouvido pela PF no inquérito, em fevereiro, Marcos do Val declarou, porém, que o ex-presidente não teria mostrado contrariedade ao plano golpista.
À GloboNews em junho, o senador afirmou ter só uma versão sobre o encontro. Ele disse que a história que contou à PF é "verdadeira e com detalhes".
A declaração ocorreu horas após ele ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, que investiga obstrução de investigações sobre os atos golpistas do 8 de janeiro. Endereços ligados ao senador foram alvo de busca e apreensão em Brasília e no Espírito Santo.
Na entrevista, o parlamentar afirmou ainda que utilizou uma "estratégia de persuasão" nas versões apresentadas à imprensa na época.
'Coisa de maluco'
No depoimento à PF, Bolsonaro também disse que não entendeu uma mensagem que recebeu de Do Val, com um print de um texto do senador enviado a Moraes em que o senador diz ao ministro que o então presidente não estava fazendo nada de errado, mas Daniel Silveira tentava convencê-lo a prosseguir na execução de algum plano. Por não entender, Bolsonaro respondeu apenas "coisa de maluco".