Quinze pessoas feridas, nove ônibus depredados e oito presos no primeiro dia de protestos dos estudantes contra o aumento das passagens de ônibus
Quinze pessoas feridas, nove ônibus depredados e oito presos foi o resultado do primeiro dia das manifestações dos estudantes contra o aumento das passagens de ônibus urbanos para R$ 2,10.
As manifestantes começaram os protestos durante a manhã de segunda-feira, bloquearam a Avenida Frei Serafim duranta a manhã e a tarde e entraram em confronto com a tropa de choque da Polícia Militar, quando jogaram contra os policiais ovos e pedras e os militares dispararam balas de borracha e spray de pimenta.
Durante a manifestação foi depredada a porta lateral da Prefeitura Municipal de Teresina e os protestos violentos se estenderam para a porta do Setut (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina), quando alguns estudantes furaram pneus dos ônibus.
Os estudantes contrários ao aumento da passagem de ocuparam um ônibus da empresa Taguatur, da linha Circular. Eles pularam a catraca e ocuparam por alguns minutos o ônibus.
Os manifestantes bloquearam a Avenida Maranhão em frente ao Setut. Policiais chegaram chegaram ao local, mas não conseguiram conter os protestos.
O estudante Lúcio Rodrigo disse que os policiais não tinham moral para reprimir o movimento porque tinham feito greve há duas semanas.
Manifestantes depredaram nove ônibus na Avenida Frei Serafim em protesto ao aumento no preço da passagem de ônibus coletivo em Teresina.
O estudante de Comunicação Social da Ufpi (Universidade Federal do Piauí) José Orlando, de 22 anos, foi atingido por uma bala de borracha. Ele disse que estava de costas quando foi atingido pela tropa de choque da polícia.
“Me feriram. A dor foi muito forte”, declarou José Orlando.
O repórter do Jornal Meio Norte Efrém Ribeiro foi ferido no momento em que fotografava o confronto dos estudantes com os militares da tropa de choque.
O sangue jorrou de forma violenta sujando toda a cabeça e a camisa do repórter. Uma estudante, vestida de camiseta vermelha, disse que jogou a pedra contra os militares e pediu desculpas.
Depois que o jornalista foi ferido, os manifestantes avisaram, no serviço de som, que era para suspender os ovos e as pedras contra os militares.
No momento do confronto nove o estudantes foram presos pelos policiais militares. “Jogaram gás lacrimogênio e me agrediram”, falou o estudante de Direito João Filho, de 21 anos.
Quinze pessoas ficaram feridas. Elas não tinham nenhuma vinculação com o movimento. Eram pessoas que estavam dentro dos ônibus ou estavam nas paradas na Avenida Frei Serafim.
Um deficiente que estava dentro de um ônibus, foi atingido. Ele estava indo para o bairro Porto Alegre. O estudante Diego da Silva, de 15 anos, passou mal e foi atendido por pessoas que lavaram o seu rosto com água e sal. Ele disse que foi atingido também por spray de pimenta.
Desde o início da tarde já foram quatro confrontos entre manifestantes e a tropa de choque da Polícia Militar. Os confrontos começam com os manifestantes atirando ovos e quando a tropa de choque avança, eles atiram pedras. Os nove ônibus depredados são das empresas Santana, Transcol e Emtracol. A maioria teve os vidros das janelas quebrados.
Um ônibus da empresa Cidade de Teresina foi apedrejado e o motorista foi registrar ocorrência na Central de Flagrantes.
A placa do ônibus era NVV-0631 e também teve a porta traseira e todas as janelas quebradas.
O tenente da Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) Jefferson Rodrigues nega que a polícia tenha cometido qualquer ato de violência contra algum manifestante. "Até o momento sabemos que 8 pessoas foram detidas, mas ainda é cedo para dar os dados finais. Não houve nenhuma violência cometida pela genbte. Apenas usamos a força necessária para conter os manifestantes", falou.
O estudante universitário Sávio Antunes, de 24 anos, disse que sofreu, além de agressões, humilhações.
"Com o empurra-empurra eu cai. Quando me espantei estava cercado de policiais me chutando, me batendo e me humilhando", falou.
Um dos veículos apedrejados fazia a linha Parque Jurema - Praça João Luís Ferreira. O ônibus teve os pneus furados e vidros quebrados. A polícia utilizou bombas de efeito moral na tentativa de conter o movimento.
Os ônibus foram apedrejados e também são alvos de ovos e vegetais.
O estudante de Geografia da Universidade Federal do Piauí Floro Marrão foi ferido durante manifestação na Avenida Frei Serafim contra o aumento o aumento da passagem de ônibus. Ele acusou um motorista de ter “jogado” um ônibus contra si.
“Eu fiquei na frente do veículo tentando impedir que ele avançasse. O motorista não tava nem ai. Ele continuou acelerando e se não fosse os outros manifestantes me puxando, ele teria passado por cima de mim”, falou Floro Marrão.
A manifestação foi convocada pelo Facebook e uma nova manifestação foi anunciada para quinta-feira com os anarquistas prometendo queimar ônibus na Avenida Maranhão.
Os estudantes ocuparam seis ônibus da Avenida Maranhão até a Avenida Frei Serafim pulando a catraca.
“Que vergonha, que vergonha, o preço do ônibus mais caro que a maconha”, “Que desgraça, que desgraça, o preço do ônibus mais caro que a cachaça”, “Que tristeza, que tristeza, o preço do ônibus mais caro que a cerveja”, cantavam os estudantes.