O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reagiu neste domingo (15) às acusações do advogado do presidente Michel Temer de que a divulgação dos vídeos do operador financeiro Lucio Funaro no site da Câmara dos Deputados se tratou de um “criminoso vazamento”.
“Da minha parte, uma perplexidade muito grande ver o advogado do presidente da República, depois de tudo que fiz pelo presidente, da agenda que construí com ele, de toda defesa que fiz na primeira denúncia, ser tratado de forma absurda e – vamos chamar assim – sem nenhum tipo de prova, de criminoso."
No sábado (14), Eduardo Carnelós divulgou uma nota na qual apontava um "criminoso vazamento" dos vídeos com depoimentos à Procuradoria Geral da República. O material, porém, estava disponível no site oficial da Câmara desde o mês passado.
Neste domingo, Carnelós divulgou uma nova nota justificando que não poderia supor que os vídeos eram públicos e que “jamais pretendi imputar ao presidente da Câmara dos Deputados a prática de ilegalidade, muito menos crime”.
Maia, no entanto, não aceitou integralmente a nota.
"A nota do advogado não esclarece o ponto mais importante. Ele fala apenas que não sabia que o site da Câmara tinha dado publicidade. Ele deveria saber que todos os documentos encaminhados pelo STF estavam à disposição dele, dos advogados, dos ministros. (..) Então, o advogado faz uma meia justificativa, o que não esclarece os fatos e o que vai obrigar – infelizmente – a que os funcionários da Câmara tomem atitudes, inclusive na Justiça, porque são servidores, têm fé pública e, com a nota dele, continuam sendo desrespeitados."
Segue a íntegra da manifestação do presidente da Câmara:
A nota do advogado... ela dá uma resposta parcial. Ele fala da publicidade dos vídeos, dos documentos no site da Câmara a partir do dia 29. Mas, três, quatro dias antes, a Câmara dos Deputados, através do seu secretário-geral, deputado Giacobo, entregou ao assessor Gustavo toda documentação alertando que a pet 7099 estava sob sigilo e assim foi encaminhada para a Comissão de Constituição e Justiça.
A nota do advogado não esclarece o ponto mais importante. Ele fala apenas que não sabia que o site da Câmara tinha dado publicidade. Ele deveria saber que todos os documentos encaminhados pelo STF estavam à disposição dele, dos advogados, dos ministros. Eu, inclusive, estive com a presidente Cármen Lucia e com o ministro Fachin perguntando o que estava sob sigilo e a única peça que estava sob sigilo é a pet 7099, que não tem relação com os vídeos do Lúcio Funaro. A pet 7099 é anterior à delação do Lúcio Funaro. Então, o advogado faz uma meia justificativa, o que não esclarece os fatos e o que vai obrigar - infelizmente - a que os funcionários da Câmara tomem atitudes, inclusive na justiça, porque são servidores, tem fé pública e, com a nota dele, continuam sendo desrespeitados.
E, da minha parte, uma perplexidade muito grande ver o advogado do presidente da República, depois de tudo que fiz pelo presidente, da agenda que construí com ele, de toda defesa que fiz na primeira denúncia, ser tratado de forma absurda e - vamos chamar assim - sem nenhum tipo de prova, de criminoso. Porque quando ele diz "aqueles que divulgaram os áudio são criminosos" e foi a Câmara que colocou de forma legítima, respeitosa, tudo aquilo que estava na denúncia de forma pública no site... quando ele diz que é criminoso, eu preciso, de fato, defender a minha posição porque eu não posso aceitar de nenhuma forma que um advogado possa me tratar desta forma.
Acho que o advogado não respondeu de forma correta o que deveria e a minha posição é apenas que tudo fique claro. Os documentos que estão públicos são documentos que vieram sem nenhum tipo de ressalva por parte do Supremo, que foram esclarecidos comigo, com a presidente Cármen Lúcia e com o doutor Fachin. E se há alguma dúvida por parte do advogado, ele não deveria primeiro atacar. Ele deveria primeiro avaliar, investigar para ver se de fato existia alguma atitude criminosa que, eu tenho certeza, muito menos da minha parte, mas também da parte dos servidores da Câmara, não houve nenhuma atitude que não fosse apenas preservar a transparência e a possibilidade de cada um dos 513 deputados pudessem ter acesso a todos os documentos da denúncia apresentada pelo doutor Janot.